Uma mãe é a antítese do eu criador*

30.7.21

Quando, há uns anos, ouvi falar sobre mães artistas comecei a pensar em escritoras mães e a tentar encontrar alguma relação entre a escrita e a maternidade. A tentação é sempre pensar em mulheres escritoras, mas ser mulher e ser mãe são coisas diferentes, obviamente. Só que para encontrar mães escritoras temos de procurar mulheres escritoras, como já o fiz em tempos.

A minha busca tornou-se um problema, porque a maternidade nunca foi, tenho ideia, um tema muito presente na literatura, quando muito fez parte das artes plásticas, sobretudo da arte sacra. Lembro-me de na altura estar intrigada com Doris Lessing, como escritora e como mãe e, desde sempre, com Marguerite Duras.

Mas como o mundo é redondo (ou seja, o planeta Terra, que é o mundo que conhecemos e, ainda assim, bastante mal) acabei por encontrar aquilo que procurava ao ler sobre ''La Mejor Madre del Mundo'' de Luria Labari: “Sou uma mãe amadora e já estou acabada: escrevo pelas costas das minhas filhas, como se elas não fossem o suficiente (...). As artistas com talento são filhas, sempre filhas de suas mães, por mais que tenham descendência. As boas escritoras escrevem sobre serem filhas ou sobre qualquer assunto onde seu ponto de vista possa ser o centro do mundo (…). Já uma mãe é o satélite de outro ser mais importante. Uma mãe é a antítese do eu criador”.

*Ou a desculpa perfeita para não criar


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