Bissexto

29.2.12
Foi num ano bissexto que vim parar a Lisboa e em Fevereiro ainda não fazia ideia que isso ia acontecer. Será que este ano vou parar a outro lugar?

A brincadeira preferida

28.2.12
by LOC

Acho que desde que começou a andar que a brincadeira preferida dela é esta, trocar de roupa mil vezes.
Quando fez 10 anos os meus amigos fizeram-lhe uma festa no Porto, enquanto eu recuperava do parto do Nicolau, no hospital.
Tenho saudades dos meus amigos. Tenho saudades do Porto.

Estou gorda

27.2.12
Ah pois, faltava esta pérola no blog. É claro que eu estou óptima para quem pariu três filhos, estou quase fabulosa se quiserem, mas também estou gorda.
Passaram quase dez meses desde que o Nicolau nasceu. Portanto, já tive mais tempo a desinchar do que a inchar e mesmo assim continuo com o mesmo peso que tinha um mês depois dele nascer - 62 quilos (pode-se dizer o peso num blog? eu nunca vi em nenhum, acho), para 159 cm de gente.
Com o Isaac lembro-me de pensar a mesma coisa, exactamente por esta altura, mas uma semana depois estava grávida e por isso a questão voltar ao peso normal deixou de se colocar.
Agora volta a estar em cima da mesa, literalmente, e só por isso já tenho fome. Assim sendo, tenho de me decidir por umas de duas coisas extremamente difíceis: deixar de comer e beber coisas muito boas, ou comprar roupa que me assente bem.

Aprendam que eu não duro sempre

25.2.12
Cheguei a uma conclusão brilhante que, acho, tenho a obrigação de partilhar: Acordo todos os dias com um humor que faz parecer qualquer psicopata boa pessoa, mas por outro lado é a altura do dia em que, além de ter menos barriga, sou mais alta*, como descobri agora neste livro, muito apreciado aqui em casa e que comprei há uns anos, numa feira da Av. dos Aliados, para a Beatriz.
Parece-em, portanto, natural concluir que quando somos giras temos de ser parvas.

* "O tamanho depende da hora! / Atinge o máximo logo que nos levantamos. Diminui durante o dia e atinge o mínimo à noite. O decréscimo pode atingir 1 a 3 cm: deve-se à compressão dos discos intervertebrais. Dormir faz recuperar o tamanho máximo.", pág. 14.

Factos aleatórios que podem indiciar que preciso de ajuda profissional

24.2.12
+Acabei de ver uma formiga a suicidar-se no quarto-de-banho. Estava na porta do armário e atirou-e para o chão. Pode ter escorregado, mas eu ia jurar que a vi largar as patinhas e mandar-se por ali a baixo. E está uma formiga morta no tapete.

+Anda outra vez uma sombra a perseguir-me aqui em casa.

+Deixei crescer o bigode.

Eu e as farturas

23.2.12
Está pronto, desde domingo, mas não tenho conseguido fotografá-lo em condições. Quando conseguir passo-o para o outro sítio.
E também acho que estou um bocado farta de costurar.

Obrigada Héctor Abad Facioline

23.2.12
O que me parece maravilhoso no livro de Héctor Abad Facioline é a profunda tristeza que nos deixa por ter sido assassinado um pai, aquele pai, independentemente do homem que foi.

O derradeiro remédio

22.2.12
Parece que pensar na morte é um sintoma de depressão. Se estou deprimida? claro, tal como milhões de nós, mas nada que bolos, banhos de imersão, livros e passeios não curem. Música também, mas eu nunca sei que música. E filmes à segunda-feira.
Se não passam de pensos rápidos a tentar sarar um osso partido? talvez, mas há sempre o derradeiro remédio dos teus beijos. 

Eu vivo num triângulo escaleno

21.2.12

O Pocoyo foi com a Lana del Rey e o palhaço ao circo e eu espanto-me por, de repente, estar a chorar baba e ranho no chuveiro, enquanto ensaio um discurso de despedia para os meu filhos, numa realidade paralela, por causa da minha morte prematura.
E nada disto é ficção, tirando o palhaço e o circo.

A minha professora de filosofia, do décimo ano, perguntou, depois de explicar que o Carnaval era a altura em que as pessoas tinham um dia para ser aquilo que nunca podiam ser nos outros dias, qual era a máscara de Carnaval mais comum. Eu não sabia a resposta: Os homens mascaram-se de mulheres e as mulheres de homens.
Também me lembro de ela nos ter perguntado quem ia ver O Silêncio dos Inocentes e depois ter pedido para descobrir o que é que esse filme tinha em comum com  O Cabo do Medo. Ainda hoje não sei a resposta.

Projectos

20.2.12
Entre as variadíssimas coisas que quero fazer a curto/médio prazo (estudar literatura, montar uma empresa, ganhar massa muscular, pôr os dois rapazes a dormir no mesmo quarto e etc.) há uma que me está a parecer mesmo entusiasmante. Queria fazer uma espécie de gpstarmetric (Guia para o Bem-estar), baseado no Sabermetrics, para determinar o que me faz mais feliz.
Ainda não sei como é que isso se faz (podia ter frequentado pelo menos um semestre do curso de sociologia para aprender a trabalhar com o SPSS), mas sou gaja para perder tempo com isso.
Depois quero a Juliette Binoche a fazer de mim no filme.

Sábado à noite

18.2.12
Quer dizer ninguém no seu perfeito juízo pode achar normal que o melhor plano para um sábado à noite seja: nenhum deles acordar durante a noite.

Ao que isto chegou

17.2.12
Ainda por cima, veja lá, Sr. Cardeal, em vez de ficar caladinha a cuidar dos filhos e do marido, ponho-me a dizer coisas nos órgãos de informação.

E porque não ao homem, Sr. Cardeal?

17.2.12
 "A mulher perdeu muito do valor que tinha. Tem muito valor num sentido mas noutro...Um país depende muito, muito das mães, pois é ela que forma os filhos. Não há melhor educadora que a mãe, mas se a mãe tem de trabalhar pela manhã e pela noite e depois chega a casa e o marido quer falar com ela e não tem com quem falar...Isto é, uma família bem organizada é uma base fundamental para um país.", Cardeal Monteiro de Castro aqui.

O que vale, Sr. Cardeal, é que estou em casa a educar os meus filhos para pensarem exactamente o oposto das barbaridades que defende. E fique a saber que o marido (mas olhe que não somos casados) quando chega a casa não tem com quem falar, porque eu estou pelos cabelos, pelos cabelos Sr. Cardeal!

Revelação

17.2.12
Fui ali ver a estreia do eu gosto é de blogs e percebi, finalmente (eu também consigo ser bastante lerda uma vez ou outra), que ser reservada é muito mais interessante do que ser exibicionista. E agora vou dar a sopa com cenoura, batata, couve flor, alho francês, cebola e frango a um dos rapazes, ao que se chama Nicolau, e decidir se fico deprimida, ou não.

Então e os meninos, como é que estão os meninos?

16.2.12
Então é assim: ao Nicolau nasceu-lhe o primeiro dente. O Isaac acabou de desfilar na rua com todas as meninas e um menino disfarçados de piratas, menos ele, porque se recusou. A Beatriz anda a chorar pelos cantos, porque um amigo da escola vai viver para Barcelona. Mas isto aconteceu tudo entre ontem à noite e hoje de manhã. Daqui a pouco pode ser tudo completamente diferente: O Nicolau é capaz de já ter dois dentes, o Isaac de querer ser pirata ou outra coisa qualquer ( pocoyo, por exemplo, ele que se livre de não querer ser o pocoyo) e a Beatriz, eu sei lá, pode ter decidido tornar-se a Lana del Rey a sério, em vez de ser só disfarçada.
O que é muito pouco provável que mude é o meu cabelo. Acho que não posso sair à rua nos próximos meses,  não sei como é que ainda me deixam, vocês os meus amigos, entrar num cabeleireiro, porque a bem dizer...ah? não era para falar de mim? ah, pois! pronto, então é isso.

Hoje sento-me a ler. Juro.

15.2.12
Depois de Uma Cana de Pesca para o Meu Avô, de Gao Xingjian, que comecei a ler por ser pequeno e, por conseguinte, mais portátil (ah, como eu gostava de ter feito parte da conspiração "shandy") fui cavar para a estante a ver o que podia tirar de lá.
Tirei o Somos o Esquecimento que Seremos e vi logo que era mesmo esse, não só pela dedicatória do Jaime: " 'Se quiseres que o teu filho seja bom, fá-lo feliz; se quiseres que seja melhor, fá-lo ainda mais feliz.' 'Que belíssimo livro é Somos o Esquecimento que Seremos', MJ Marmelo no seu muito apreciado blog.", como pela apresentação do autor na badana do livro: "Héctor Abad Faciolinee nasceu em Medellíon, na Colômbia, onde também realizou os seus estudos - todos inacabados - de Medicina, Filosofia e Jornalismo."
Vou ler. Mas antes tenho de ir fazer um fato do Pocoyo.

Cenas da vida familiar

14.2.12

Cena 7

Personagens: Toda a família
Cenário: Dentro do carro

Isaac, no banco de trás do lado do condutor: Pai põe o magicoroooo.
O pai liga o rádio e ouve-se Timber Timbre.
Beatriz, no banco de trás, no meio: Vamos ter de ir a ouvir isto até ao Porto.
Mãe: Não, pode ser que ele adormeça.

Meia hora depois

Isaac: Pai põe o magicoroooo.
O pai volta a pôr a música 4.
Beatriz: Eu não disse que íamos ter de ouvir isto até ao Porto?
Mãe: Não, pode ser que ele adormeça.
Isaac: mamã e portanto?
Mãe: Portanto, é assim, olha é o que é.
Isaac: mana e portanto?
Beatriz: Portanto o quê Isaac?
Mãe: Tens de lhe responder "é assim".
Beatriz: É assim Isaac, e portanto é assim.
Isaac: OLHA, é uma grua, mamã!
Mãe: Pois é.
Isaac: Pai e portanto?
Pai: Pois, portanto, é isso.
Isaac: Pai e portanto?
Mãe: tens de lhe responder "é assim".

Uma hora depois:

Isaac: Pai põe o magicoroooo. O pai volta a pôr a música 4.
Beatriz: pffffffffffffffffffff
Mãe: Pode ser que ele adormeça.
Pai: O que é que o Nicolau tem na boca? é um balão, tira-lhe aquilo da boca, rápido!

O Nicolau fica aborrecido e não se acalma até pararem o carro para lhe dar um iogurte de soja. Os outros dois saem para brincar no parque e 10 minutos depois fazem-se novamente à estrada.

Isaac: Pai põe o magicoroooo.
O pai volta a pôr a música 4.
O Nicolau não acalma e começam as canções de embalar. O Nicolau continua sem se acalmar e começam as canções de todo o género musical com predominância dos cantares alentejanos.

Duas horas depois:

A mãe desaperta o cinto de segurança e vira-se para trás para acalmar o pequeno. Vai uns quilómetros assim até que ele consegue adormecer. A Beatriz começa a gritar porque o Isaac lhe está a puxar o cabelo.

Mãe: Pára com isso Isaac, não se puxa o cabelo, quantas vezes já te disse? e tu faz pouco barulho, Beatriz.
Beatriz: Ele está a puxar-me o cabelo!!!!!!!!!!!!!!
Mãe: Isaac queres um iogurte?
Isaac: sim, quero, por favor.
Pai: Parece que afinal não adormece.

Mãe atira para trás o iogurte e um pacote e bolachas de água e sal. Pouco tempo depois volta a tirar o cinto de segurança para limpar vomitado do casaco do Isaac.

Três horas depois

Quase a chegar ao destino o carro está silencioso. O bebé dorme. O Isaac e a Beatriz quase. O pai está de rastos e a mãe idem idem.

Ai chega, chega, chega, chega minha agulha

12.2.12
Eu que queria tanto a acreditar que um dia vou sair do cabeleireiro com o cabelo com que sempre sonhei, tenho de me convencer de uma vez por todas que o problema não é o cabelo.
Outro cabeleireiro, (quase) a mesma franja, mas pelo menos, desta vez, saí com um look bastante apropriado à vida que tenho actualmente.

É capaz, é

9.2.12
Uma coisa que pude fazer em abundância em Londres (sim, eu podia estar um mês, ou dois a falar de Londres, mas prometo contenção) foi dormir. Isto depois de ter conseguido que me pusessem num quarto individual, claro, porque obviamente já não tenho idade para certas coisas. E como dormi muito, também sonhei muito.
Sonhei que estava num carro com outras pessoas e a conduzir ia o pediatra dos miúdos, enquanto nos dizia, no seu habitual tom de quem sabe muito bem o que está a dizer, que a melhor forma de nos livrarmos dos vírus era beber vinho, ou whisky. "Pelo menos uma vez por semana, ou por mês, dependendo das pessoas, deve-se apanhar uma bebedeira, ou beber um iogurte", disse ele.

I'll never know for sure

7.2.12




Nunca saberei se Londres é uma cidade absolutamente fantástica, assim do tipo querer ir viver para lá, ou se eu estava tão desesperada por sair de casa que qualquer coisa me pareceria de outro mundo. O que é certo é que foi muito, muito bom ter lá estado, sobretudo porque acho que nunca me tinha sentido tão bem acolhida por uma cidade. Como se Londres estivesse à minha espera.
E assim, os quase cinco dias que lá estive podem resumir-se em:

Coisas que me surpreenderam
A quantidade de ciclistas na city e um pouco por todo o lado;
A quantidade de pessoas com iphones e kindles;
A simpatia dos londrinos.

Coisas de que gostei mesmo muito
As galerias de arte de London East;
O terceiro andar do Liberty (tantos tecidos, incluindo saquinhos amorosíssimos e caríssimos com os ditos cortados em hexágonos, tantas lãs!!!!!!!);
O Soho;
A simplicidade do metro;
Os mercados de rua;
O jantar de queijos e enchidos, acompanhado de bom vinho, num Pub em Farringdon, na única altura em que tive companhia em Londres. Obrigada Paula.

Coisas que me comoveram não sei bem porquê
A National Gallery;
A estranha sensação de familiaridade, como se já tivesse estado em Londres muitas vezes.

Coisas de que não gostei 
Não ter encontrado a rua, depois de muitas caminhadas na neve, onde supostamente estão os nomes do grupo Bloomsbury.


Coisas de que não gostei mesmo nada
A experiência de partilhar um quarto num hostel, que por caso era um pardieiro, mas não havia necessidade do rapaz ter levado um engate para lá e ter passado a noite nisso que estão a pensar. O que não seria tão dramático se o quarto, além de espelunca, fosse um bocadinho maior;
As saudades de casa que de vez em quando me faziam doer o estômago

(A terceira foto, a única que precisa de legenda, é um quilt que estava à venda em Portobello.)

Até já

1.2.12
E pronto, depois de mais um corte, inesperado, no único salário que sustenta esta família lá vou eu para Londres feliz e contente, tal e qual a cigarra do La Fontaine, finalmente cheia de um entusiasmo, agora, despropositado, mas eu sou mesmo assim, sempre a nadar contra a corrente sem qualquer propósito - uma perda de energia eu sei, e espero regressar com as pernas e as vistas cansadas e a alma rejuvenescida.
Até lá fiquem com o pai.