Resumindo

28.7.14
Daqui a algumas horas apanhamos o primeiro avião rumo a Timor Leste e eu já estou tão cansada que nem sei que diga.
Bom, o baptizado foi lindo! e o Milhões de Festa  foi... interessante.

Os meus três filhos

23.7.14
Na hora de vacinar as crias contra a hepatite e febre tifóide foi sem grande surpresa que assisti às reacções deles, por esta ordem:
Cria mais velha pede-me a mão, cheia de medo, com os olhos rasos de água, mas sem verter lágrimas.
Cria mais nova, ansiosa para ir "para dentro da tenda" (para trás das cortinas), salta para o meu colo e arregaça as mangas. Depois da picada choraminga e no fim abraça-me meio sentido, meio orgulhoso.
Cria do meio grita, esperneia, transpira, grita, grita, esperneia e diz que não quer vacinas, que não quer ir para Timor. Fazemos um ligeiro intervalo a ver se acalmava e se saía daquele estado de loucura. Nova investida e mais gritos, muitos gritos, mas desta feita sem demasiados esperneanços, o que permitiu sairmos de lá sem agulhas partidas, tal é a força desta criatura nestas situações.

Não é muito meu costume

21.7.14
mas neste momento parece-me mais fácil traduzir os últimos dias com imagens, não só porque os últimos dias têm sido um bocado surreais, mas também porque às vezes é mesmo difícil explicar certas coisas, mesmo para quem tem uma escrita mais sensorial do que cerebral (digo eu, que não sei se isto será exactamente assim, mas saiu-me).

Tudo o que temos,ou melhor, as nossas coisas, que felizmente estão muito longe de ser a única coisa que temos, couberam num camião pequeno e foram para um armazém.
Apesar de haver um baptizado para organizar e de a minha avó ter metido na cabeça que vai morrer quando eu estiver em Timor, não têm faltado momentos de pura diversão, ternura e amizade por estes dias.
Nem tão pouco de horror, que também é uma coisa que faz parte da vida. Não sei de que morreu esta vaca, mas é capaz de ter sido a parir, como a da semana passada, pelos vistos.

Mudanças

14.7.14



Por causa destas andanças as minhas alergias estão no auge e o meu humor anda bastante estragado, não mais do que o habitual, dizem certas e determinadas pessoas, mas sabem lá o que é viver comigo 24 horas por dia, ouvir tudo o que penso, ver tudo o que faço, sentir tudo o que sinto e etc. etc.. Ainda esta noite fiz uns quantos exercícios físicos extraordinariamente executados, estava ofegante e orgulhosa de mim própria por ter ultrapassado umas quantas barreiras, mas depois apercebi-me que estava a dormir.
Mas não era disto que eu estava a falar, credo, perdi-me no raciocínio.
Gostava de escrever sobre mudanças como a Helena (e gostava de ter a casa dela, já agora), mas estou a suar e cheia de dores de cabeça o que, como toda a gente sabe, não é o estado ideal para se escrever alguma coisa de jeito.
Bom, continuando, a casa para onde nos vamos mudar não está pronta, portanto as nossas tralhas vão para um armazém e nós, olha, nós vamos para o outro lado do mundo. Vamos viver um mês em Timor. Por esta não esperavam, hein? Pois bem, este blog vai passar a ter posts sobre picadas de mosquitos, praias paradisíacas, bintangs em esplanadas e tal. Um regalo. Mas não se preocupem, temos 40 e muitas horas de viagem para lá chegar e muitos dias com os três miúdos numa terra desconhecida, enquanto o pai trabalha, para relatar. Ou seja, haverá espaço para o meu habitual realismo,chamemos-lhe assim.
Entretanto, temos de ir num instante à Póvoa baptizar os miúdos. Eu sei, eu sei, são demasiadas coisas surpreendentes, mas eu sou mesmo assim, que hei-de fazer? A cerimónia já estava marcada há algum tempo, não se trata de nenhum pré-requisito para viajar, caso alguém esteja a pensar nisso.

Nada

11.7.14
"Durante o jantar, alguém me pergunta o que faço. Não sei o que responder e depois digo: nada. Ela está sentada ao lado do embaixador do outro lado da mesa e ouve a palavra: nada. Diz em voz alta: é formidável o que acabou de dizer, é preciso que não se esqueça disso. Já não sei para quem olhar, como comer. Ela continua a falar com o embaixador. E depois acrescenta falando comigo: é magnífico, é preciso ter coragem para dizer estas coisas, você não faz nada é exactamente isso." Yann Andréa.

A formiga e a cigarra que habitam em mim

9.7.14
Ao longo das sucessivas mudanças de casa fui-me livrando de muitas coisas. Os lençóis de flanela foram, talvez, as maiores vítimas desta minimização natural. Mesmo assim guardei dois conjuntos para um inverno mais rigoroso. Nunca os usei. Agora estou ali a olhar para eles, a pensar se os levo para a próxima casa (nunca se sabe quando virá o tal inverno), ou se os mando para a reciclagem.
Ah, e entretanto não temos onde viver, mas isso logo se vê.

Especialidade

8.7.14
Muito provavelmente a minha empresa faliu (e estar a falar em probabilidades em vez de certezas revela bastante sobre os meus conhecimentos de Negócios). Não estou triste. Estou conformada. Afinal, falhar tem sido a minha especialidade. 

Factos

6.7.14
Acabei de saber, num documentário que está a passar na RTP2 (e nem sequer vou fazer piadas com o facto de estar a ver um documentário na televisão, às 22h30 de um sábado à noite, pelo que agradeço que façam o mesmo. Espera, hoje é domingo, por isso nem é assim tão grave, ou não seria se eu não achasse que era sábado, mas como estou completamente baralhada já nem sei o que é melhor, pelo que peço encarecidamente, sobretudo às pessoas que um dia me vão oferecer entradas para o jardim zoológico, que esqueçam este parênteses), que há 400 milhões de anos a Terra girava mais depressa. Ou seja, segundo os corais, um ano durava 461 dias, em vez dos actuais 365 dias.
Isto é capaz de ter tanto interesse, para o comum dos mortais, como o facto de me doerem as mamas. Mas não deixa de ser um facto.

Instantes

3.7.14
A Beatriz está num avião a caminho de Liverpool com uma querida amiga, os mais novos foram dormir depois do jantar e o Jaime, ainda meio atordoado com o jet lag, dormita no sofá.
E neste preciso instante, agora mesmo, a minha vida é perfeita.
Pronto, já passou.

Amêndoas e pedras

1.7.14
Um dia destes comprei amêndoas com casca e levei-as para o jardim. Disse-lhes para procurarem duas pedras para partirmos as amêndoas e comê-las (imaginem as fotos, porque não levei máquina fotográfica). Enquanto os via empenhados a martelar com quanta força tinham, com os dedinhos das mãozinhas ali tão pertinho de ser esmagadinhos, percebi que aquilo era perfeito para eles. Além de treinarem a destreza, comiam uma coisa saudável. Adoraram, claro, mas dez minutos depois já tinham largado a correr feitos loucos, até tropeçarem um no outro e o mais velho ficar com o joelho esfarelado.
Moral da história: partir amêndoas com um calhau pode evitar acidentes.