Fogo e água

22.7.21

Era mais fácil quando o meu mundo era a minha casa, os meus dias giravam à volta das crianças e os assuntos que prendiam a minha atenção eram os mesmos de toda a gente. Eu disse que era mais fácil, quando sei que não, não era. Mas antes, parece agora, era tudo melhor. 

A diferença, talvez, era partilhar da opinião, sobre vários assuntos, de pessoas que admirava. Nesta altura parece-me que isso não acontece tão facilmente.  Não consigo ficar indignada com as pessoas que não sabem usar máscaras, mas não me passa pela cabeça não usar quando necessário/obrigatório; não me apetece dizer muito bem do processo de vacinação exemplar (em Aver-o-Mar, Póvoa de Varzim), quando o que me marcou foi sentir que naquele cenário parecíamos cobaias de uma experiência estatal; Ou perguntar-me a razão de não sabermos o que come Berardo na cadeia (ainda está preso?). E os testes, ou certificados para entrarmos em restaurantes? Também podia só estar perturbada com o tempo que a EDP me está a fazer perder, com uma questão básica, proporcional ao tempo que a médica de família não perde comigo.

Mas, neste preciso momento, só me apetece ficar aqui no sofá a pensar em bolas de sabão e fogo de artifício. O fogo e a água transformados em poesia. Podíamos fazer isso com a maior parte da nossa vida, transformá-la em poesia, não podíamos?

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