Juízo

3.12.12
Normalmente sou a última a ir para cama (e também sou a última a sair de lá quando amanhece), mas em vez de aproveitar o tempo sozinha, ultimamente, estupidifico em frente à televisão, que nem sempre tem de estar ligada. Eu prefiro que esteja, porque quando não está tenho momentos de lucidez avassaladores e isso nem sempre é bom. Ontem à noite, ou aos primeiros minutos de hoje, por exemplo, caiu em cima de mim, literalmente (eu tive de me vergar e tudo, quando senti o peso), a certeza de que não tenho estofo para ser mãe de três filhos. Senti-o tão claramente, ainda que só durante uns milésimos de segundos, que precisei de uma boa meia hora, com muita lágrima e ranho à mistura, para recuperar.
Depois, as luzes da árvore de Natal começaram a piscar, ou mudaram de cor, não sei, e eu olhei à minha volta e pensei que tenho de ganhar juízo.

21 comentários:

  1. É mesmo melhor ganhar juízo!

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  2. mesmo..
    infelizmente já li vezes a mais no seu blog que acha que não foi feita para ser mãe.
    e logo de 3!
    os miudos que não venham a ler estas pérolas daqui a uns anos...
    bola para a frente!
    tem mm de conseguir dar a volta por cima.
    E enquanto não o conseguir, aproveite isso mesmo, a sorte que é ser mãe em full time.
    Maria da Luz

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  3. Também tenho flashes desses... depois levanto-me, literalmente.
    Gabriela

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  4. Mas porquê ?
    Muito cansaço ?
    Não consegues dar atenção a cada um como querias ?
    Não tens tempo para fazer outras coisas ?
    ...

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    1. Sim, sinto-me com muita falta de energia e parece que não tenho tempo para nada, ou não tenho nada em que me apeteça muito gastar tempo, mas não é por isso. É por não ter alegria para lhes dar.
      Mas tenho outras coisas. Tenho muitas outras coisas.
      (para quem já capotou fazes perguntas a mais, não?)

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    2. Capotei quando estava com eles 24/24, com noites em branco, mas depois de os ter levado à escola, isso mudou. Nunca mais me passou pela cabeça não ter estofo para os miudos (ok, tenho "apenas" dois). Fiquei sem bode espiatorio...
      Agora, não tenho estofo é para mim. Outro tipo de capotanço. Outros motivos para não dormir.

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  5. Olha, eu também não. Mas às vezes as luzinhas de Natal piscam e quase perco o juízo.

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    1. AHAHAHAHAHAHAHAHAHA, perde, gralha, perde. Não temos sempre de ter juízo.

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  6. Eu acho que decidir ter filhos é que é avassalador. E que me lembre, tu querias tê-los e parece-me que estás é muito cansada e muito esgotada e sem saber o que fazer quando eles não estão, o que também é bastante lixado porque a gente habitua-se a tratar da canalha e desaprende a viver sem eles. Quando aperece esse tempo tão desejado, nicles, buraco negro. E isso é bastante mais duro do que parece para quem está de fora.
    Eu diria que deves fazer algo que neste momento será equivalente em esforço mental a sair da cama às cinco da manhã num dia de cinco graus negativos, que é decidir agarrar-te a um projecto e fazê-lo. Pode ser fazer 50 almofadas, acabar os quilts, escrever um ensaio, remodelar o blog, seha o que for, não há aqui graus de importância ou valor, apenas uma acção concreta - decidir algo e fazê-lo, do princípio ao fim.
    Tantas vezes, as ideias surgem durante as tarefas mais banais e rotineiras, por isso tudo vai de começar.

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    1. Caralho, eu sei que sempre foste uma mulher prática, mas onde foste buscar tanta organização de ideias?

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    2. Era isso ou enlouquecer. Eu sempre quis ser mais excêntrica, mas não necessariamente louca. Agora a sério, basicamente aprendi com o Ricardo. Posso ceder-to por umas semanas, se trocares pelo Jaime. Será agradável ter em casa um homem que cozinha, serve vinho e põe música.

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    3. Ah, isso não pode ser Dora. Eu simpatizo muito com o teu homem, mas o Jaime não sai daqui (só se ele quiser muito)! :)

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  7. Isso deve são fases. Ser mãe a tempo inteiro dá trabalho que se farta e também esgota. Especialmente quando tudo gira só em torno dos filhos, né? Vai dar uma volta, recarrega baterias, tomar café com uma amiga, qualquer coisa sem os filhotes. É bom para ti e para eles também ;o).
    Se tivesse aí ía contigo, é que também estou a precisar (e só tenho 2)!
    Beijinhos

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  8. lol Calita!
    É seguir a sugestão da Dora, embora 5 da madrugada me pareça mais castigo. :D

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  9. Eu bem que ouvi um qualquer barulho na sala. Mas pensei que eram o caralho dos gatos a vomitar. Outra vez.
    Afinal eras tu, meu amor deprimido.

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  10. Isso, ganhar juízo é colocar as ideias arrumadas.

    Solidarizo-me com essa fase, apesar das nossas circunstancias nao serem bem similares. Mas tocam-se em muitos pontos.

    Faz parte, calminha e nada de dramas. Os miúdos vao crescer mais depressa do que parece, como bem sabes, e proporcionalmente o teu juízo vai progressivamente endireitando. :)

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  11. Há fases. Há depressões e há efectivamente - o problema. Se há o problema, talvez haja a cura para ele. Há que refletir sobre isso!
    Penso que a tua falta de alegria, ou melhor, a tua tristeza imensa não será por teres filhos, mas sim por aquilo que te faz falta para além do lado de seres Mãe. Talvez seja - a vida lá fora - que te faz falta! Pensa nisso.

    Beijinho.

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  12. A propósito destes últimos posts, é muito normal, dentro do anormal, sentires-te assim, como vês muita gente se sente, é um ser e não ser e não saber bem (ainda) o que se quer.
    Ora vê lá o devaneio de Julho:
    http://andreiawings.blogspot.pt/2012/07/ja-agora.html
    Não é muito explícito, mas estava na condição desempregada-voluntária-à-força-filha-no-infantário-à-procura-de-emprego-porque-é-suposto-as-pessoas-trabalharem.
    Acho que já te disse, mas na altura pensava que para quem toma a decisão de ficar em casa era diferente das que foram para casa e é suposto trabalharem. Pensava que o meu problema era ter sido formatada para trabalhar.

    Entretanto comecei a trabalhar e não é que não tenha momentos desses de perdição, saudades de ir buscar a miúda à escola e de ter tempo, e agora com mais um na barriga... tanto estou extremamente feliz, como penso no que me fui meter...

    E concordo com a Dora (aliás ela anda a dizer muitas coisas acertadas, e sobre pouco para devanear) estás cansada, esgotada. Faz muita diferença não ter a possibilidade de deixar os putos na avó ou mana, e 1x por mês que seja e ir dar um arejo. Mas daqueles tranquilos e a sério, um jantar, um copo, um passeio.

    O chão foge-nos porque queremos ser boas mães, se nos estivéssemos a marimbar é que tudo era perfeito. Mas tens estofo, oh se tens. Uma pessoa que (só por exemplo) anda esgotada e deixa os putos em casa, sem infantário, só porque sim, porque um não vai é uma mãe do caraças, que se esforça de forma sobrenatural. Ainda que possas passar o dia a pensar "mas que raio, porque fiz eu isto".
    Deixá-los com baby-siter não seria abandono, mas não os deixar é de outro mundo, acredita.
    E tens a sorte de teres um marido à altura, que (por exemplo também) assume que tens uma profissão realmente, te deixa a dormir e os leva à escola. Por aí muito se extrapola. Tens ideia da sorte? (E não, não quero trocar como a Dora ;) ).

    Por isso Calita, ETs, estupidamente exigentes connosco somos todas. Às vezes deasatar um nó, desata outros. Fazes bem, até certo ponto, batalhares contigo para procurares o caminho.
    E toca a levantar da cama, que bem sei que é a pior parte do dia...

    Já agora, quem te disse que a tua mãe não desesperava, mesmo sendo uma grande mulher?

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  13. pois a mim diz que não me vão deixar ficar mais tempo em casa.......e eu chuto o problema, para já, para o puto de 4...que não é justo não brincar com os pares e estar entre 4 paredes....deve ser porque não quero dar o braço a torcer....e depois posto fotos bonitas no blogue...ai que lindas que foram estas actividades....que até foram mas estamos no limite e só passarm 2 meses....:)

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    1. Oh caramba, eu estava mesmo convencida que ias/estavas a fazer isso na boa!
      Mas chegar à conclusão que a coisa não está a funcionar não é necessariamente assumir um problema. Mudar de rotina e de país ao mesmo tempo, sendo que a nova rotina implica ficar em casa, parece-me assim uma cena hercúlea.
      Força aí!

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  14. o mais pequeno ate me dá por dia 4 horas de descanso mas o maior com quase 5 precisa de mais e eu acho que é isso que agora me está a chatear mais porque se desmotivou e já nem desenhos quer fazer...e está a perturbar-me não brincar com meninos da mesma idade e enquanto o irmão evolui a olhos vistos com a referência do mais velho, o maior, que falava muito bem, começa a imitar e a abebezar...e isso deixa me grrrrgrrrrr :)
    e já nem as fotocópias que a professora da escola em portugal mandou ele quer fazer...

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