Dia #6

18.3.20
Eu sei que há este nervoso miudinho no ar, em muitos casos não tão miudinho assim, mas hoje o que me está a perturbar é ter chegado à conclusão que sou uma pessoa muito mais limitada do que pensava, e olhem que eu até costumo inventar limitações que não tenho.
Primeiro foi a constatação que não sei nada sobre fracções, chego a duvidar se alguma vez aprendi tal coisa na escola. A discussão com a criança de oito de anos aqui de casa deixou-me perplexa. Depois, são os gráficos com o crescimento exponencial do vírus que toda a gente sabe analisar, no facebook, e eu fico a olhar para aquilo como um boi para um palácio.
Enfim, fico-me pelos Ensaios, mas não consigo deixar de pensar que o ensino das matérias fundamentais (matemática, filosofia, economia, linguística e física) deveria estar menos compartimentado e mais relacionado entre si.
Também fico perplexa com a adaptação das crianças a novas situações. Deixar de ir à escola, passar a ter aulas com os pais e ficar o dia todo em casa parece ser a coisa mais normal do mundo, como se tivessem vivido sempre assim.
Hoje, fui fazer uma caminhada e quando lhes disse que ia sair disseram-me naturalmente: ''Cuidado com o coronavírus. Leva uma máscara''. Muitas lojas estão  fechadas, mas há bastantes pessoas a passear na rua. As distâncias parecem ser cumpridas, no entanto vêm-se alguns grupos.
Ainda não comecei a aprender guitarra, não comprei o kit de tricot, nem tão pouco comecei a fazer ginástica em frente ao computador. A casa está como estava, quer dizer está ainda mais desarrumada.
Daqui a pouco deveremos ter mais informações sobre a declaração do estado de emergência do Presidente da República e não deixa de ser curioso ver os partidos de direita menos preocupados com a economia do que os de esquerda. É o fetiche do Estado policial, não é?

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