Quando nos mudámos, a minha filha não se cansava de perguntar porque raio viemos para um sítio parecido com Díli e eu achei que ela estava louca, tirando talvez a relação da cidade com o mar, só que sou obrigada a dar-lhe alguma razão.
Mas falava do fascínio pela morte, que deve ser qualquer coisa parecida com a atracção pelo abismo. Por todo o lado vêem-se afixados anúncios de necrologia. Deve haver poucas ruas por aqui sem um café, uma loja, ou tapumes de obras com um destes avisos colados. E isso até poderia passar mais ou menos despercebido a quem anda na rua metido nos seus pensamentos não se desse o caso de muita gente parar a ler e comentar com quem está ao lado.
É claro que uma pessoa acaba por se habituar a conviver com a morte todos os dias e, às vezes, ocorre-me que sempre quis viver em cidades grandes para fugir desta convivência. E fugir tem as suas vantagens mas parece que não se foge para sempre.
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