Causa e efeito

11.5.18
Haverá, com certeza, evoluções sociais, revoluções económicas, conjugações astrológicas que justifiquem isto de estarmos todos na mesma altura a olhar para a nossa vida, a tentar entender o caminho percorrido e a pensar no que fazer a seguir.
Há quem lhe chame meia idade, parece. Ou condição humana. Ou ainda a angústia do contribuinte na altura de preencher o modelo 3.

Depois, há quem esteja, como a criança mais nova aqui de casa, a tentar compreender como isto tudo começou:
- Há uma coisa que eu não compreendo, mamã
- O quê?
- Todas as mães nascem das mães, não é?
- É 
- Até mesmo os pais, não é?
- É
- Então, como é que a primeira mãe teve filhos se o pai ainda não tinha nascido para lhe dar sementes?
Estive quase para lhe dizer que há muito, muito tempo as mulheres não precisavam dos homens para engravidar, como n'A Fenda, da Doris Lassing, mas o Isaac que estava a ouvir a conversa rematou com um: "Oh Nicolau, mas não vês que quando Deus fez a mulher também fez um homem?"

Voltando à meia idade, recebi uma mensagem da minha rica filha com um vídeo, que dizia: "És tu tal e qual". Quem me conhece, e quem já leu aqui centenas de posts sobre a minha luta com a domesticidade, sabe que não sou nada assim ("não eras", diz ela, a minha rica filha, sublinhado e tudo com o tom certo de voz), mas é um facto que agora tenho necessidade de ter mais arrumação à minha volta do que há uns anos. Que raio de pessoa me estou eu a tornar? 
Em conversa com o Jaime desabafava que nos últimos 10 anos a minha vida mudou radicalmente (o que eu adoro exageros!). Tenho menos amigos; estou quase "maníaca" das limpezas e tenho sono antes da meia-noite. Isto para referir as coisas más, logo a seguir atirei com as boas (parece que a meditação funciona mesmo): um grande amor na minha vida; mais resolvida e segura em muitos aspectos; uma família feliz.
O que não percebi na altura, até porque não conseguimos terminar a conversa, foi a provável relação causa e efeito entre umas e outras.

Entretanto apontei no meu caderno que tenho de ler Debaixo do Vulcão, por causa da frase "No se puede vivir sin amar". Há muitos livros que fiquei com vontade de ler por causa destas entrevistas que a Céu anda a fazer, mas este de Malcolm Lowry senti que era obrigatório.
Deve estar tudo relacionado.

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