Caiu uma tristeza em mim

22.2.18
Ontem, não sei se a sonhar se acordada, estava em Díli. Foi tão real a visão da rua da nossa casa, das buganvílias a sair pelas grades, das motas a circular, dos alunos da escola do Farol a comerem no passeio, que me assustei. Abri muito os olhos e pensei que se calhar o Jaime estava finalmente em Timor, depois de uma viagem atribulada, e que eu conseguia ver o que ele via. Não foi nada disso, claro.
Depois, "caiu uma tristeza em mim", foi como lhe descrevi o meu estado, não sei se por estarmos outra vez longe um do outro, se por sentir falta de Timor. 
Com este recomeço em Portugal, e tudo o que isso tem implicado, não tenho pensado muito no que ficou para trás. Penso nas pessoas, no cão, na força daquela natureza que vai ficar para sempre entranhada em mim, mas agora estou aqui. E estou bem. 
Mesmo assim, "caiu uma tristeza em mim", ainda antes do Jaime me descrever como foi entrar em nossa casa com a árvore de Natal por desfazer, porque os miúdos queriam que eu a visse quando chegasse, com os desenhos deles nas paredes, os brinquedos no quarto e as nossas roupas penduradas. 
Gostava mesmo de perceber como é possível termos tantas casas. Casas realmente habitadas por nós, ou partes do nós. Também gostava de perceber a matéria da terceira classe, ou melhor, do terceiro ano, mas não se pode ter tudo, não é? (eu sei que parece mas não é uma pergunta de retórica)
"Caiu uma tristeza em mim" e por isso não fiz nada do que queria, ou precisava de fazer. Bem, fiz o bolo de iogurte com raspa de limão para a lição 100 das turmas deles e não me esqueci de o levar para escola, pus a lavar e estendi dezenas de máquinas de roupa para aproveitar o sol e fiz quiche para não deitar fora os cogumelos murchos. Mas ainda não fui assistir a uma mesa do Correntes d' Escrita, não mudei o header do blog, não dei seguimento às histórias começadas.
As tristezas podem cair ou ficar lá onde costumam estar que eu, pelos vistos, não deixo de fazer listas.

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