Pode acontecer

23.2.16

Quando numa família de cinco quatro ficam doentes a solução é fazer um esquema de tratamentos. Pelo menos foi assim que a Bea, a resistente (ou a única que dorme num quarto que parece uma arca frigorífica e por isso consegue manter os mosquitos mais à distância), entendeu fazer.
É claro que os tratamentos para uma infecção viral, muito provavelmente causada pela picada de um mosquito  e com uma sintomatologia semelhante à do dengue, são simples: descanso, beber muita água e tomar paracetamol, enquanto se agoniza com dores insuportáveis.
Felizmente, passados três dias, esse número mágico, a vida volta ao corpo, uma pessoa consegue caminhar novamente e fica com a sensação de que vive num sítio onde podem acontecer coisas mesmo muito estranhas.
Pode acontecer de os cães a ganir e os porcos a guinchar já não nos afectarem. Ou pode acontecer ver uma mulher com duas cabeças,  na rua da mesquita, e achar perfeitamente natural (obviamente eram duas mulheres, mas só se via o corpo de uma e, por breves instantes, achei mesmo que se tratava de uma pessoa bicéfala). Ou pode acontecer sair da cama para ir comer ananás. Também pode acontecer cair um kulu e furar o telhado. Ou sair do banho e ser atacada pelas formigas minúsculas metidas no felpo da toalha. Tanto pode, que acaba mesmo por acontecer.

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