Da felicidade

5.10.15

Ontem à tarde, domingo, adormeci depois de um almoço faustoso e acordei com a música dos GNR. Por breves momentos não conseguia perceber onde estava, nem que dia da semana era, apenas sentia uma ligeira tristeza que não sabia de onde vinha. Quando me situei, atribuí aquela sensação a uma certa nostalgia do meu país, talvez provocada pela música familiar. Olhei para o relógio, fiz as contas e constatei que, em Portugal, as urnas já tinha aberto. Não creio que fosse algum tipo de tristeza antecipada, mas têm-me acontecido coisas estranhas, por isso tudo é possível.
Por exemplo, um dia destes estava na sala a ler (por falar nisso tenho de falar sobre as leituras), enquanto o Jaime via qualquer coisa na TV e o nosso cão dormitava no chão, por baixo da ventoinha. Tirei os olhos do livro e aquele cenário pareceu-me irreal. Em tempos, eu tinha imaginado uma cena assim. Costumava dizer: um dia vamos ter uma casa com jardim e um cão. E agora temos. E é um bocado assustador, isto de se querer uma coisa e ela acontecer.
É claro que eu agora podia escrever aquelas coisas inspiradoras sobre o caminho que tivemos de fazer para chegar aqui, mas isso seria demasiado aborrecido e, além disso, eu não sou uma pessoa assim tão esforçada.
Portanto, para todos os efeitos, um dia dissemos que sim, que haveríamos de ter a nossa casa com jardim e um cão e cá estamos. Quer dizer, a casa é do Sr. Duarte, o ambiente à volta é muito mais denso (em vegetação e pessoas) do que eu tinha imaginado, os mosquitos mordem como vampiros - sim, no pescoço e tudo - e o tecido dos sofás pica, mas naquele momento em que levantei os olhos só vi um sonho tornado realidade e percebi, finalmente, porque é que há pessoas felizes neste mundo.

1 comentário:

  1. Por acaso já me tinha interrogado como fizeste de livros. Há boas bibliotecas por aí? Mandaste um caixote?

    ResponderEliminar