Devagar se vai ao longe

5.8.14



Com tão poucas coisas a preocupar-me neste momento, ponho-me a pensar no que pode correr mal para este país. Os timorenses são profundamente simpáticos e parecem saber aproveitar o que a ilha deles tem de melhor. Aproveitam a praia, gostam de ficar sentados à sombra a ver quem passa e quando andam aos magotes em cima de camiões, ou de motas, olham à volta com prazer. E acenam a sorrir, claro. Acho que é por isso que não consigo evitar comprar-lhes coisas, eu que nunca compro nada. Ele é maracujás, ele é colares, ele é crocodilos em madeira, enfim, tudo o que me apresentam à frente.
Mas dizia que penso no que pode correr mal, sobretudo quando vejo o trânsito caótico na avenida principal, os resorts em construção, ou os montes de lixo espalhados pela cidade, pelas praias e pelos ribeiros.
Não será mesmo possível começar-se um país por aí? pelo saneamento básico e aterros sanitários, logo a seguir às escolas e hospitais?
Seja como for, é como diz a Miranda, uma das cozinheiras aqui de casa: "as coisas para serem bem feitas têm de ser feitas devagar" (ela misturou algum tetum pelo meio, mas o sentido era mais ou menos este).
A mim apetece-me muito ver este país crescer devagar e bem, porque é evidente que há alguma coisa de muito especial neste canto português da Ásia.

6 comentários:

  1. Tens uma cozinheira chamada Miranda??? Podias ter levado o meu Miranda para te cozinhar as refeições. E eu ia para fazer as sobremesas e lavar a loiça :D

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  2. A descrição faz-me lembrar uma viagem à Ilha de Santiago em Cabo Verde. Ficámos uns dias no interior da ilha, na casa de uma família local e apesar das inúmeras condições que poderiam ser encaradas como diminuidoras de qualidade de vida, não me recordo de não ver boa disposição. Aliás, quanto muito de vez em quando era eu a mal humorada porque tinha dormido pouco com o calor ou porque as galinhas que andavam à solta entravam pela casa e faziam barulho muito cedo :) Vou adorar seguir essa estadia em Timor.

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  3. Olá Calita Depois de ler estes posts, fui desenterrar a primeira página do diário da minha 1ª viagem a Timor, em 2002:
    Amigos e família:
    Eis-me em Díli depois de uma viagem tão maluca que cheguei cá para lá do limiar do cansaço e completamente eléctrica. Ah, e sem malas.
    Fiz a viagem toda com um colega que conhecia muito mal (mas que conheço cada vez melhor porque moro com ele), o Z. que se revelou uma óptima companhia.
    Porto-Londres passou num ápice, as 4h e tal em Heathrow também, Londres-Singapura só não foi um inferno porque tomei comprimidos para o enjoo que fazem sono e dormi o tempo todo para desespero do Z. que não pregou olho e queria conversar, nas 5h em Singapura já me sentia meia vegetal e nem de ler era capaz, andámos a passear pelo aeroporto, Singapura-Darwin foi sem história (4h30m).
    A chegada a Darwin, às 4 da manhã, foi alucinante porque os australianos são ainda mais paranóicos que os americanos com a perspectiva de lhes levarem pragas agrícolas para o país. Quiseram ver se eu tinha terra na sola dos ténis, esmiuçaram as malas do Z. e só não fizeram o mesmo com as minhas porque elas não estavam lá. Eu bem tinha ouvido chamarem freneticamente ao microfone por uma tal Ms. Patxicou mas não associei, só quando uma mocinha que me via desconsolada a olhar para o tapete rolante já vazio me abordou e muito delicadamente me explicou que a minha bagagem não tinha saído de Londres mas que não me preocupasse que estava perfeitamente localizada, é que caí em mim e me senti uma desgraçada.
    Por acaso até acabou por dar muito jeito as duas pesadérrimas malas não terem chegado: tinha roupa interior e uma T-Shirt comigo (levo sempre nas viagens) e a Air Qantas deu-me algum dinheiro para eu comprar aquilo de que necessitasse que era nada.
    Fiquei 24h num hotel bom em Darwin (o tédio em forma de cidade) com o Z. e lá encontrámos mais 3 colegas que já tinham chegado. Deu para dormir até às 4 da tarde, ver a cidade e jantar num sítio que devia ser o auge da animação local. Saí para Díli às 5 da manhã, só eu porque os outros quatro tinham sido postos num voo que saía mais tarde.
    Gostei de chegar cá sózinha.

    Mando-te isto para saberes que a mensagem que há bocado te mandei via FB era mesmo verdade...

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    1. Obrigada. Não vi a mensagem do facebook, para qual enviou, para a página do panados, ou para a minha pessoal?

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  4. Estive em Timor Leste entre 2000 e 2002. Regressei em 2012 por mais um ano. Timor Leste será para sempre o país do meu coração. Não pode perder Ataúro, Jaco, a praia do dólar, Liquiça, Baucau e se der, o distrito que me acolheu no início de tudo Oecusse.

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    1. Baucau e Liquiça já estão programados, as ilhas ainda não sabemos, porque há alguns membros da família que enjoam no barco.

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