Quando?

17.7.13
Toda a minha infância e adolescência e início da idade adulta desejei ser filha única. Nunca vi grande utilidade em ter irmãos. Gostava deles, acho eu, mas pensava muitas vezes como seria a minha vida de filha única, de filha sem o "mais velha" sempre atrelado, sem ter de dividir o quarto, sem ter de deixar de fazer coisas, "porque tens de tomar conta dos teus irmão", sem ter de deixar a escola demasiado cedo, porque "se forem todos estudar não podemos comer" e por aí fora.

Mas, estranhamente, sempre quis ter muitos filhos, o que só poderá querer dizer que o que me ficou marcado foram as coisas boas de ter irmãos. As cumplicidades, as brincadeiras na rua, as brincadeiras no sótão, as brincadeiras na horta, as refeições (as que não acabavam com pratos partidos na parede) e por aí fora. Ou, então, sou uma dessas pessoas que não sabe fazer mais nada a não ser bater no ceguinho.

Adiante, parece-me, pesando prós e contras e observando as vidas das pessoas, que é melhor ter irmãos do que não ter, mas ser filho único tem as suas vantagens. 
Ontem, ao final do dia, o Isaac quis ir brincar para casa de uma amiga. Fiquei sozinha com o Nicolau e o rapaz nunca me pareceu tão encantador como naquelas duas horas. Até com marionetas brincamos!
Fiquei a pensar nas coisas que eles estão a perder por não serem filhos únicos. E perdem coisas, claro. Os ganhos compensam largamente, sem dúvida, mas quando?

Era nisso que estava a pensar, quando devia estar concentrada na respiração. Nisto, matei uma mosca que não me largava o braço. Matei uma mosca enquanto meditava.

E vou deixar assim a pergunta no ar, porque agora não tenho tempo. Tenho de ir ali semear para depois colher. E tenho de aprender a gostar de semear. 

19 comentários:

  1. Eu sou filha única e sempre gostei de o ser! Nunca senti falta de irmãos. Mas não quero que o meu filho seja único, quero que ele tenha irmãos! Porque somos poucos na família e se um dia ele ficar sem mim e sem o pai não se sinta tão desenquadrado e orfão como eu me senti quando perdi os meus pais!

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  2. Isto é um dos meus fundamentalismos assumidos: havendo possibilidades emocionais e financeiras, ter filhos tem de ser plural. Não há nada, nada, nada, como o amor e a experiência de crescer com irmãos.

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  3. bem, hoje disse exactamente o mesmo ao pedro: estou sozinha desde 2ª feira com a clara, na póvoa. nunca ela me pareceu tão fácil, tão dócil, tão pacífica. tem saudades deles, claro (e eu também), mas a miúda transfigurou-se.

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    1. até brincamos mais do que 10 min, imagina lá!!!

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  4. Nunca entendi quem nunca desejou um irmão e gostasse de ser filho único, e conheço muitas pessoas assim. E todas essas pessoas sem excepção são um pouco egoístas. Eu tive o privilégio de aos 12 anos ter tido um irmão, e até ter os meus filhos, esse foi o dia mais feliz da minha vida. Assim como o dia do seu falecimento, com 21 anos, foi até hoje o mais infeliz. Podemos dar aos nossos filhos brinquedos, actividades, tudo... mas o melhor presente que lhes podemos dar é um irmão. Ainda que por pouco tempo, estou grata por ter tido um irmão.

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  5. Na minha opinião, tem mais vantagens do que desvantagens, ainda que os braços não se multipliquem. Essa necessidade também é por pouco tempo, "de repente" começam a querer ir para o vizinho!
    Tenho estado com os 2 em casa e há momentos de loucura e claro que sinto que não posso dedicar tanto tempo ou tão imediato à mais velha. E depois há aqueles momentos de cumplicidade entre os dois. E há os momentos de compensação e mimos. E os momentos de filha única!
    É claro que também é necessário algum tacto... Para que não sintam os irmãos como fardo... Sou a mais velha e raramente o senti... Nem que tinha perdido algo.

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  6. Eu, infelizmente posso falar "pelos dois lados". Até aos 21 tive um irmão 5 anos mais velho e fui a pessoa mais feliz do mundo por ter um irmão que era um doce e tínhamos uma relação maravilhosa. Aos meus 21 (26 dele) cancro roubou-me o irmão e fiquei filha única...nunca mais fui feliz assim...Não há nada como termos família, irmãos então é do melhor que pode haver...

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  7. E agora fiquei sem saber o que dizer. Não estava nada à espera de relatos sobre a perda de irmãos. Lamento, Olívia e Full-time Mom, só posso imaginar a vossa dor, porque não sei o que é perder um irmão. Tenho três e espero tê-los para sempre, apesar de vivermos todos em cidades, e países, diferentes.

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  8. Sou filha única e sempre o detestei. De início apenas pela solidão, porque os amigos que são como irmãos são raros (eu só tenho 1) e só se reconhecem mais tarde. Depois pela concentração em mim de todas os esforços e esperanças dos meus pais. Agora que estão mais velhos, pela responsabilidade que é acompanhá-los na velhice e em tudo o que poderá vir.
    E eu bem pedi 1 irmão...
    Ana

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  9. Ora eu não sei o que é ter irmãos. E a verdade é que gosto de ser filha única, os meus pais dizem que nunca pedi irmãos. Mas como sempre convivi muito com os meus primos e com os outros miúdos que vivam na minha rua ou na rua da minha avó, a coisa foi sempre aligeirada pois havia muita brincadeira com crianças da minha idade. Mas era bom chegar a casa e não ter que dividir os meus brinquedos. Um pouquinho de egoismo nunca fez mal a ninguém :p

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  10. Eu sou filha única e também nunca senti necessidade de ter irmãos, nem senti falta de ter alguém com quem brincar ou partilhar fosse o que fosse. Hoje tenho uma filha, única, e debato-me frequentemente com essa questão. Tenho outro filho ou não? Passo a ter gastos partilhados por dois ou proporciono-lhe melhor vida só a ela? Depois há a questão da solidão. Se lhe faltarmos fica só no mundo, como eu um dia irei ficar sem os meus pais. E isso pesa-me. Já o meu marido, com dois irmãos, não quer ter mais filhos porque também sempre achou que seria muito melhor ter sido filho único. Estou numa encruzilhada.

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  11. Também tenho 3, amava chegar aos 5 filhos, adorava mesmo. Ontem eles disseram à minha mãe que vão ter um bebé, ela ligou-me alarmada/contente. Só se forem muito intuitivos, ainda não sei de nada... :)
    Nós explicamos-lhes em muitas situações o lado bom e o menos bom de serem 3 - por oposição a ser apenas 1. Porque há realmente o lado bom o menos bom.
    No dia em que expliquei ao mais velho que o preço de uns ténis Nike era igual ao de 3 pares de outra marca, para calçar os 3 senti que tinha dado um passo importante na formação dele, foi um dia muito feliz. Percebeu muito bem.
    Eu tenho 1 irmã, sempre pedimos aos meus pais para ter mais irmãos que não nos deram, agora enchemos-lhes a casa de netos... Ahahahah
    E eles adoram!

    Quanto aos ganhos, começam quando nascem, infiltram-se na personalidade deles e são ganhos enormes. Acredito muito nisto! :)

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    1. Obrigada. Esta é a resposta que esperava ouvir e com a qual concordo em absoluto. :)

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    2. Sabes, entre os 8 irmãos da minha avó o meu tio Luís teve 5 filhos, os outros tiveram 1 ou 2. O meu tio Luís foi o que passou pior. Já os meus avós viviam bem melhor. Hoje em dia não há nada que pague o domingo em casa do tio Luís, ao lado da nossa. São filhos, noras, genros, muitos netos. Não é florear ou romancear, é verdade que hoje ele é o mais rico. Juntam-se para a apanha da azeitona, das uvas, de tudo, é muito bom! Se penso mais 5 minutos nisto engravido só com a ideia, ahahahahahah!

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  12. Eu fui criada como filha única e ganhei um irmão aos 20, já fora de casa, a estudar na universidade. Gostei de ser filha única e acho que a atenção não-repartida que recebi dos meus pais, em particular do pai, impagável. Mas ao mesmo tempo sempre desejei irmãos - e resolvi o problema criando uma gémea imaginária. Aos 20 a esposa do meu pai engravidou e nasceu o meu puxi. Não é certamente a mesma coisa que crescer com um irmão, perdem-se aquelas lições de vida sobre a partilha e tal (apesar de eu até nunca ter sido uma criança egoísta) e só o posso ver ns férias e nalguns fins-de-semana mas a ligação está lá na mesma. E é a relação de irmãos, sobretudo para ele que não tem consciência da diferença de idades (tem 3 anos agora), vê-me como se fosse uma irmã "normalmente" mais velha - birras para dividir os brinquedos, ciumes pequenitos dos pais, a procura da irmã mais para brincar e dos pais mais para cuidar, o carinho e amor. Enfim, um testamento só para dizer que eu tive a gigantesca sorte de ter o melhor dos 2 mundos.

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  13. Adoro ter irmãos, é das maiores riquezas que tenho na vida. Depois, se formos afortunados, os nossos irmãos são também nossos grandes amigos. E dão-nos essa benção maravilhosa que são sobrinhos.

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  14. Fundamentalismo assumidíssimo: é muito, muito, muito melhor ter irmãos do que não ter. Eu tenho um e gostava de ter tido mais (fartei-me de pedir).

    Os meus filhos são 4. De vez em quando, os 2 que já falam lembram-nos que ainda há um lugar vazio no carro e que podíamos ter mais uma mana. Este sentimento de que no nosso coração, na nossa casa e na nossa vida há sempre lugar para mais um ser humano é das coisas mais bonitas que a fraternidade nos tem ensinado. :)

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  15. Tu és semente e brincar com as palavras é o teu crescimento nos tempos mortos.

    (agora põe-lhe um "nós" e estamos todos feitos :)

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  16. Grande post calita! Adorei as respostas! A minha opinião é que pelo menos um irmão sim (para a nossa filha), porque não teríamos condições para mais, tenho 2 irmãos, e apesar da diferença de idades, são do melhor que se pode ter! Quando todos crescem e passam as birras de idade infantil (falo de uma caso de relação de irmãos q se entendem), a idade adulta entre irmãos é do melhor!

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