O milagre da fruta

28.6.13
"Estou tão fodida", pensei eu sei lá quantas vezes, hoje. Isto porque fui ter com a mais velha, que vinha de uma festa pijama, e fiquei a saber que não tinha dormido. Depois lembrei-me que hoje é dia do Isaac não dormir a sesta na escola, o que torna, normalmente, as nossas sextas-feiras muito animadas, e ainda que o Nicolau tinha mandado a chupeta pela janela fora do eléctrico, quando os fui levar à escola.
Assim sendo, para evitar tiques de impaciência desnecessários e, por conseguinte, traumatizar ainda mais as crianças decidi comprar uns daqueles bombons pequeninos, embrulhados em prata colorida, que costumam (ou costumavam, que já não vejo disso) acompanhar o café em alguns sítios.
Além disso, e como estava cheia de bolhas nos pés derivado a uns novos chinelos, achei que podíamos vir de taxi, uma vez que ontem, dia de greve geral, não precisei de o fazer, por ter encontrado uma amiga que me deu boleia. Eu sempre a queixar-me que em Lisboa não tenho amigas e no mesmo dia almocei com uma e apanhei boleia de outra.
Então, os bombons foram recebidos com muito entusiasmo mas não impediram que o Nicolau viesse a gritar, como se estivesse possuído pelo demónio, o caminho todo. Fiquei verde e vi a minha vidinha toda a andar para trás e o "estou tão fodia" sempre ali a martelar, mas eis que se deu um milagre: Quando cheguei a casa sentei-os na mesa pequena com um prato de fatias de meloa e uma taça de cerejas e os meus filhos transformaram-se em anjos. A mais velha, essa, estava aterrada a dormir no sofá.
Entretanto deixei queimar a sopa.

3 comentários:

  1. "o Nicolau tinha mandado a chupeta pela janela fora do eléctrico"

    O Nicolau é um belíssimo construtor de memórias, seguramente entre outras coisas :)

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  2. Não se pode ter tudo. Antes a sopa queimada que os miúdos possuídos :)

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  3. Diz lá a verdade: deixaste queimar a sopa de propósito para continuarem todos no idílio frutívoro. Olha, se calhar hoje não faço sopa e dou-lhes antes só figos.

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