Primeiro mês a trabalhar

3.3.13
- Então, conta lá, como tem sido isso de conciliar trabalho e filhos? - perguntam vocês com incontrolável curiosidade.
- Olhem, tem sido como estar de férias - respondo eu.
- AHAHAHAHAHA - dizem uns. LOL - escrevem outros. A sério? - perguntam outros tanto.
- Eu explico: Nunca temos a roupa que precisamos para vestir; muitas vezes temos de improvisar refeições; dormimos todos juntos, comemos bolachas com chocolate antes de jantar e nas horas mortas acabamos sempre agarrados ao computador a trabalhar.
- Ah, isso é enquanto não apanhas o ritmo. É uma questão de te organizares, vais ver - dizem vocês, pessoas queridas.
- Eu sei, eu sei - digo eu (mas na verdade não sei nada) - o problema é as funções que aceitei não serem compatíveis com flexibilidade de horário, mas parece-me que conseguiremos viver com isso durante cinco meses (muito à custa da flexibilidade de horário do Jaime, e, pelos vistos, da sanidade mental dele, e porque temos a ajuda da Raquel). Agora, mais do que isso é impensável. A ginástica que temos de fazer para não faltar ao trabalho (no meu caso),ou para conseguir fazer tudo o que é preciso (no caso do Jaime) é surreal.
- Isso significa que depois de acabar o contrato não vais procurar outro emprego?
- Hmmm, pois, não sei, isto de ter um emprego tem mesmo muitas vantagens. Num mês já recebi mais elogios do que num ano, por exemplo, e eu, há que admiti-lo, preciso tanto de elogios como de...sei lá...vinho. E depois, é incrível como se pode justificar tudo e mais alguma coisa com o trabalho, mas efectivamente eu vivo relativamente bem sem ter que me justificar.
- E, então, o salário? não é fixe poderes comprar coisas? - perguntam.
- É, é muito bom, mas os óculos novos, por exemplo, ainda não consegui comprá-los. Durante a semana a óptica está fechada, à hora que chego, e este fim-de-semana, não tive tempo. Talvez no próximo. E a depilação também terá de ficar para depois, para quando não tiver crostas nas canelas.

20 comentários:

  1. A propósito de vinho: experimenta o Torre de Menagem (Alvarinho/Trajadura). Boa relação qualidade-preço, como agora se costuma dizer.
    E boa semana.

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    1. Hmmm, já não me lembro a última vez que bebi vinho verde...Ah, já sei, foi em Ponte Lima, mas era tinto. Terei de experimentar este Torre de Menagem.

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    2. Há no Pingo Doce a 2,99. Há dias para vinho branco e dias para vinho tinto; este é muito equilibrado, vais ver (atenção que o vinho verde deve ser do ano anterior àquele em que é consumido, portanto cuidado com as promoções de "antiguidades").

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  2. Como eu a entendo !! Já trabalhei como uma "louca" durante 10 anos vivi para o trabalho ! Depois casei veio o filhote e...deixei de trabalhar (deixei??!!) agora ele tem 6 anos e trabalho 10 horas por semana ! Gosto !!!! Tenho tempo para mim ,para a casa , para os meus dois homens e ganho algum que gasto em mim ,neles , em óculos , depilacao , massagens ...tenho amigas que me incentivam a retomar em forca para nao depender DELE ....eu nao acho !! Estamos bem assim os tres e tds dependemos de todos !!!

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  3. As mulheres conseguem tudo, são inventivas, movem-se bem mesmo em território lamacento. Com 3 filhos, os meus dias são sempre maravilhosamente caóticos. Muitos bons dias para si e posts para o blog!

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  4. é tudo uma questão de tempo!!!eu saio de casa as 7h com a mais nova.. às 8h estou a deixa-la com os meus pais depois de 1h de transportes.. volto a estar com ela as 18h.. chego a casa perto das 20h e já tenho o puto mais velhos com o banho tomado e os tpc´s feitos! toca a jantar... 21h30 putos na cama e depois só me consigo deitar perto das 00h! Sim ainda não morri de cansaço.. mas estou perto! :D é tudo uma questão de tempo..

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    1. "é tudo uma questão de tempo"... para morrer de cansaço?

      Suzana

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  5. Trabalhar com horário fixo é a maior merda. Pronto, a maior é não ter sustento. Trabalhar com horário fixo é a segunda maior merda.

    Não vou reler este post, disseste uma série de coisas que me angustiam tanto que nem quero pensar nelas. Enquanto tiver que as viver, é contorná-las.

    Mas é uma merda tão grande, tão insuportável.

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  6. Não sei se tens noção da importância destes posts para as decisões que poderei tomar na minha vida...

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  7. Sou a careta que organiza a vida semanalmente. Uma seca. Mas a verdade é que chego a casa e já sei o que vou cozinhar e tenho tudo o que preciso. Cozinha arrumada às 21h e o resto do serão é meu. Não troco os meus horários rígidos pela aparente liberdade de horários flexíveis.

    gralha

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    1. A liberdade é mesmo um conceito muito subjectivo. Eu não duvido que se possa ser livre com horários rígidos e rotinas diárias, e escravo com horários e rotinas flexíveis. O problema é cada um de nós encontrar o seu sítio, que pode ser uma variante das duas coisas, como é o caso do trabalho+férias para quebrar as rotinas.

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    2. Eu sou como a Gralha - preciso de planear para ser livre. Quando tenho rotinas, demoro menos a fazer as coisas e fico com mais tempo livre. Prefiro chamar-lhe hábitos em vez de rotinas, que hábito é uma palavra mais bonita. E não me importo que me chamem careta, mas estou quase a começar a fazer ementas semanais.
      Quando digo que odeio horários rígidos, refiro-me ao trabalho. Preferia mil vezes trabalhar por minha conta. Criaria na mesma rotinas, mas as minhas rotinas, de acordo com o melhor para mim e para a minha família. Eu sou uma trabalhadora por conta própria à espera de cair do ramo. Falta é encontrar trabalho por conta própria.

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  8. Eu trabalho por conta de outrem, tenho dois filhos pequenos, 3 e 5 anos, entro às nove e saio às 6; adoro cinema, preciso de ler e não, não vivo só para isto, mas quase, e não me importo. Não levo os meus filhos à escola mas vou buscá-los religiosamente. Como é que faço para a minha vida não ser um caos ainda maior e ter alguma sanidade mental? É simples: levanto-me às seis e meia, bebo chá, trato de mim, tomo o pequeno-almoço, faço as papas, trato deles, dou-lhes as papas e vou-me embora. Tem de haver sempre comida feita ou pelo menos meia feita; chego a casa não me ponho a arrumar coisas, também já as deixei arrumadas de manhã, nem a cozinhar, porque já deixei meio feito na véspera ou a descongelar; ah, e sou daquelas mulheres secantes que escolhem a roupa de véspera (é para esquecer o capricho «ai não sei se me apetece azul ou preto» porque a indecisão não compensa os nervos do atraso). Quando chego a casa, tento brincar um bocado com eles e dar-lhes banho com calma, jantamos, lemos histórias e eles vão para cama. Nem sempre corre bem e claro que lamento ter de inventar formas de fazer o essencial, como por exemplo ir cortar o cabelo ou dar um salto ao supermercado. Para isso servem as horas de almoço. É cansativo? É, e paro muitas vezes às dez e meia a perguntar o que significa tudo isto. Mas a verdade é que as crianças também precisam de estar na escola, claro que não precisavam era de estar lá tanto tempo, mas pronto.É importante associar a ideia de organização não à ideia de prisão mas sim de liberdade: é a única forma, para quem não tem outros suportes, de conseguir alguma liberdade, algum tempo livre, por pouco que seja, sem tornar a vida ridícula e enlouquecer de vez. Ah, e um bom copo d eum vinho tinto à noite ajuda imenso.

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    1. :) Pois ajuda, soubesse eu ficar-me por um copo!
      Quanto à organização: é só a mim que acontece deixar carne meia assada para o jantar e chegar a casa e verificar que o prédio não tem gás? Ou, comprar farinha para os filetes que deixei a descongelar e à hora de irem para a mesa (pouco depois das 19h00) um teve de se deitar cheio de febre, o outro está a berrar de sono, o outro não quer comer, porque não tem fome? E por aí fora. A sério, há qualquer coisa comigo que faz com que os planos saiam sempre tortos.

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    2. Claro que não, Calita. Também me acontecem coisas esquisitas. Como no espaço de quatro meses chegar a casa e ter por duas vezes a luz cortada porque me esqueci de ir à caixa do correio. Não me apeteceu, pronto, e não quis saber. É que a organização de uma pessoa também tem tem limites, helás.

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  9. Olá Calita!

    «Beber reencontra-nos com o melhor de nós, numa atmosfera húmida e nebulizada, e é a própria vida que nos é devolvida em gotículas enfim aspiráveis.»

    (olha, faz de conta que escrevi especialmente para ti)

    A propósito de rotinas: cada um as vive à sua maneira. Como poderia ser de outro modo? Elas são como os bebés; naturalmente, emergem. Eu também não era nada um animal de rotinas; mas lá que as há, há.

    verao80

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  10. eu sou uma desgraça, simplesmente não consigo organizar-me quando trabalho full time. Acabámos sempre por comer porcarias ao jantar, e a roupa fica por passar, e é uma confusão....posso citar-te no meu blog? A minha sorte ou falta de sorte, é que sou precária e em muitas alturas do ano trabalho em part time. Ok ganho menos mas corre tudo muito melhor na vida familiar (o meu gajo chega muito tarde)

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    1. Podes, claro, mas eu confesso que é precisamente para não sufocar em domestiquices que prefiro trabalhar. Sim, tenho, ou melhor temos de as fazer na mesma (empregada doméstica é uma coisa que não cabe no orçamento), mas concentradas numa hora por dia e mais algumas ao fim-de-semana é menos sufocante do que estar o dia todo a pensar que tenho de fazer isto e aquilo e acabar por não fazer, por total e completa desmotivação.

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  11. Ai o equilíbrio, o equilíbrio... que busca incessante, pelos vistos muito comum...
    Há dias com a miúda adoentada, o pai cheio de trabalho e chegar em cima do fecho da escola, eu a sair às 19h30 sem a poder ir buscar e calhar olhar para o recibo de vencimento com o valor / hora, quase tive uma epifania. Não foi desta.

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  12. Esqueci-me da parte da barriga a crescer, pesada, mas na altura não entrou nas contas.

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