O dia começou como quase todos os outros dias: muita movimentação pela casa, com a televisão ligada às 7h00 da manhã (a única pessoa que quer acabar com a televisão cá em casa é a mesma que se levanta e, antes sequer de fazer xixi, vai ligá-la), os miúdos a disputar brinquedos, a Bea a pentear o cabelo (não sei se esta casa é mesmo muito pequena, ou se de facto a escova no cabelo dela faz muito barulho) e eu de olhos fechados, debaixo dos cobertores, a dizer a mim própria é de noite, é noite, isto é um sonho, não é possível. E depois, muito devagar, começo a pensar se terei deixado a roupa deles separada, se há alguma coisa preparada para o almoço da Bea...Já aconteceu saírem de casa e eu ficar a dormir (sim, sim, o desgraçado do homem que vai trabalhar para sustentar a família, ainda tem de vestir os meninos e levá-los à escola, uma pouca vergonha!), mas não foi o caso. Hoje, os pequenos ficaram em casa a ver se recuperavam definitivamente das maleitas víricas, antes de irem recolher novas estirpes ao infectário, e a primeira coisa que pensei foi: "espero que amanhã estejam bons para ver se volto à vida normal" e logo a seguir: "espera aí, qual vida normal?"
Já passaram quase três meses desde que o Nicolau foi para a creche e eu ainda não tenho uma rotina. É verdade que mudei de casa, é verdade que eles têm estado, em média, dois dias em casa e três na escola e que toda a família esteve doente mais vezes nestes últimos meses, do que nos últimos três anos, mas claramente não é suposto demorarmos tanto tempo a chegar a algum lado. Não só perdemos a capacidade de esperar pelas coisas, como achamos anormal parar para descansar, pensar, recuperar, etc. Eu sei que já ninguém fala do movimento slow, mas tenho pena, porque me parece muito mais interessante do que a tendência minimalista de que tanto se fala.
Compreendo bem essa sensação de "não chegarmos a lado nenhum".
ResponderEliminarMudei de país, mas não é a primeira vez que o faço. Nem segunda :)
Desta vez, mudei para Angola. Pois. Os meses passam-se e eu ainda não pude ir a uma entrevista sequer. O homem vai trabalhar e eu procurei instalar-nos, procurar novo apartamento e instalar-nos novamente.
Compreendo essa sensação de se sentir ultrapassada pelos acontecimentos e circunstancias. E de , simplesmente, não saber explicar como o tempo se escoou nestes meses.
Coragem aí!
Obrigada pelo blog e pela autenticidade sobre maternidade.
Ah, quem me dera que o movimento slow voltasse a estar na moda. É que era perfeito para mim e para a altura da vida em que me encontro!
ResponderEliminarSobre a televisão, meu amor, falamos em Abril. Nessa altura veremos quem diz o quê. Mas até lá até pode ser que sigamos um exemplo slow ou qualquer outra coisa veloz mas diferente.
ResponderEliminarA mim, o movimento slow e o minimalismo parece-me que procuram exactamente a mesma coisa. Assim como a malta do simple living. Todo o povo quer mais tempo para gastar naquilo que gosta - não conheço ninguém que não queira, mas depois quase ninguém consegue ganhar esse tempo. A não ser que faça uma revolução na sua vida, tipo deixar tudo e ir enfiar-se numa gruta. Não é mesmo possível viver melhor dentro da nossa vida tal como ela é?
ResponderEliminarAi querias um rotina? Ai achas que fazes pouco?
ResponderEliminarConcordo com o slow, mas pelo que vejo o minimalismo também o procura, menos para mais slow.
Olha em dava um dedinho (pensando maduramente acho que dava mesmo) para poder ser dona da minha vida, dos meus dias, e conseguir ter tempo para dar o minimo de atenção às minhas crianças.
ResponderEliminarE coregem para dar o passo? Não se vende disso, coragem em frasquinhos? Tenho que ver no Pinterest...
desculpa as gralhas, saiu de rajada.
ResponderEliminarOlá, descobri o teu blog já há bastante tempo e fiquei leitora das tuas rubricas pela honestidade com que escreves.
ResponderEliminarEstou-me a actualizar depois de alguns meses de ausência.
Beijinhos grandes.