Concerto para bebés

25.11.12
Há alguns anos, vivia eu no Porto, tentei levar a Beatriz a um concerto para bebés, mas nunca consegui. Aquilo esgotava meses antes de acontecer, parecia uma coisa para bebés de elite, e acabei por desistir de arranjar uma vaga. Não sem dar alguma luta, ao contrário do que aconteceu com as aulas de preparação do parto, por exemplo, nas quais me recusei a participar (na altura estava na moda o método Lamaze e eu sentia-me absolutamente incapaz de respirar como um cão), porque estava perfeitamente convencida que ela devia ter o máximo de experiências sensoriais possíveis. Felizmente sempre fui uma gaja intuitiva e por isso nunca lhe faltaram experiências desse tipo: dava-lhe colo e mais colo, tomávamos banho juntas, cantava-lhe dia e noite, comíamos laranjas partidas aos gomos com a casca e por aí fora, mas é claro que eu achava que isso era o básico (agora sei que isso é o mais importante) e queria que ela tivesse a oportunidade de descobrir outras coisas.

Seja como for, nunca mais pensei nesses concertos até ter sido convidada para assistir a um com os rapazes. Perguntei ao pai "que dizes?" e ele respondeu "não sei". Cocei a cabeça (depois descobri que eram piolhos) e disse que sim.
Entretanto vieram os piolhos, os vómitos e a diarreia (assim, tudo de uma vez) e estive até à última para desistir, mas não foi preciso. E ainda bem, porque foi uma experiência bem bonita ver os bebés a gatinhar e a dançar no meio dos músicos, a reagir de uma forma tão natural e fluída (os meus estavam a comer bolachas a um canto, obviamente). Ainda assim, não posso deixar de referir o que disse o mentor do projecto, Paulo Lameiro, no fim: mais importante do que levar os bebés a concertos é cantar-lhes em casa e aqui, pelo menos, posso gabar-me de ganhar muitos pontos.

4 comentários:

  1. Eu prefiro dar-lhe muita música, já que se sou uma verdadeira cana rachada... seria mais tortura se eu cantasse, do que prazer ou uma experiência altamente sensorial.

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  2. Também me perguntam muitas vezes se não a levava, e tal e tal. Aquilo esgota em segundos e depois sucede como a um primo meu: comprou bilhetes seis meses antes e depois a canalha chegou lá, desatou e berrar sem parar e ele teve que vir embora. Lá em casa, canta-se muito, na casa das avós canta-se muito e toca-se muito, que há gente que sabe tocar nesta família. A minha mãe põe-lhe discos de música zen; a minha sogra ensina-lhe música popular brasileira. A miúda cresceu rodeada de canções e canta todo o dia, inventa letras e tudo, acho que os concertos não lhe fizeram grande falta, embora gostasse de ter ido, se fosse mais fácil do que ganhar o totoloto.

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  3. Se fores vocalmente tão dotada como eu, os teus filhos hão-de implorar para que te cales. No nosso caso, tivessemos nós crianças, seriam ou infelizes ou surdas: tanto eu como o Marco temos vozes do horror e cantamos muito, muito mal! Pá, não se pode ter jeito para tudo...

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  4. Eu não sou dotada vocalmente, e a dona Ines tambem nao tem complacencias e manda-me calar.
    E eu sou das que ia para as filas, e punha lembretes no telemóvel no dia 15 de cada mes, para comprar bilhetes para estes concertos (ou para os workshops) para o mes seguinte. E tive a oportunidade de ir com a Ines a Leiria, onde funciona a escola do Paulo Lameiro (na altura para fazer uma reportagem para a Publica) e foi espectacular. Já não vamos há mais de dois anos. Mas a Ines continua rodeada de sons e de canções - mas nunca sou eu a cantar, ehehehe.

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