Efeito Tilda

10.5.12

O poder desse magnífico astro que é o sol tem, infelizmente, pouco efeito sobre mim pela manhã. A alegria do Isaac às 7h00, a correr, a gritar e a jogar à bola pela casa com a irmã, que hoje estava num raro dia de boa disposição matinal (a meteorologia também influencia a outra rapariga cá de casa), enquanto o Nicolau me oferece bofetadas na cara, sentado ao meu lado na cama, deixa-me em estado catatónico. Ou, partindo do princípio que já acordo catatónica, o que é muito provável, a vivência matinal nesta casa acentua esse meu estado.
Mas hoje tudo foi diferente. Ou melhor foi tudo igual até me aparecer a imagem da Tilda, em casa com o filho. É triste o peso da responsabilidade* ser mais mobilizador do que a alegria dos meus filhos pela manhã, mas é uma realidade. 

*Esta coisa de se culpar as mães pelos crimes dos filhos tem muito que se lhe diga, mas fica para outra altura.

5 comentários:

  1. o que me pareceu do filme foi o contrário (bom, tirando a parte da mãe das vítimas) - a culpa não era da mãe, foi ela que se culpabilizou desde sempre, assimilou a culpa, interiorizou a culpa, submergiu-se na culpa. só assim se explica porque razão ela perdeu tudo para defender o filho em tribunal, o visitava e continuou a viver numa cidade onde era fisicamente agredida na rua (ao invés de mudar para onde ninguém a reconhecesse).

    é um exercício necessário, eu já não compro culpa pelas atitudes dos meus filhos.

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  2. Sim, eu também vi isso no filme, a auto-culpabilização mas, em termos gerais, parece-me que se continua à procura das razões para tudo e mais alguma coisa na relação mãe/filho(s).

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  3. é isso, se um tipo assassina uns quantos vai-se logo investigar como era a mãe. se ganha um Nobel a mãe já não interessa para nada.

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  4. O filme é um murro no estômago. O que mais me impressionou foi a expressão dela ao aperceber-se da sua incapacidade em conter aquele miudo, em acalmá-lo e no fundo, em gostar dele. E concordo com a Clara, é um exercício de culpabilização intenso e de solidão já que o pai não "vê" nada.

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  5. Não vi o filme, mas olhem que isto da mãe que se teve (ou não teve) influencia bastante... Mas obviamente não é uma questão de culpa, e tudo se pode recriar, desde que haja matéria-prima, claro.

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