Da cidade

30.1.12
"As cidades foram construídas para que as pessoas pudessem estar mais próximas umas das outras" dizia o tal sociólogo, acrescentado que ironicamente o que se passa é o oposto, ou seja, nas cidades as pessoas vivem, mais do que nunca, afastadas umas das outras. Se não me engano até se deu ao trabalho de comentar qualquer coisa sobre vizinhos que não se querem cruzar com outros vizinhos no elevador.
Eu confesso que até gosto desta coisa de não ter de andar para aí com "bom dia", "boa tarde" e mais um sorriso forçado aqui e outro ali, sobretudo quando ainda não tomei café. Sim, é mais fácil para os mal dispostos viver na cidade e eu sou, por norma, uma mal disposta. Também é mais fácil para quem não gosta de conduzir e quer ir ao cinema, ao teatro, ver uma exposição e comer comida nepalesa, goesa, italiana, ou mexicana, tudo na mesma semana.
Mas, a exemplo do post anterior, ficam aqui umas dicas sobre o que se pode encontrar na cidade para quem esteja a pensar fazer o inverso, ou seja sair do campo para a cidade.
Dependendo das cidades, naturalmente, o mais provável é que se encontrem tantos camponeses como no campo. A diferença é que os camponeses da cidade, ou têm hortas urbanas, ou enfiam-se nos seus carros de regresso à terra, durante o fim-de-semana, para tratarem das couves e afins.
É provável também que nas cidades se encontrem muitas pessoas em actividades que estão a desaparecer no campo, como fazer malha*, costurar, etc., não só porque há mais pessoas nas cidades, como cada passo há esta necessidade de voltarmos às origens (a humanidade, enquanto for humana, vai continuar a questionar-se de onde vem).
Por fim, nas cidades é muito fácil encontrar quem queira mudar o mundo, lutar pelos nossos direitos, desenhar soluções para os mais diversos problemas, mas dificilmente alguém ajuda outra pessoa a descer o carrinho de bebé de um autocarro ou numas escadas.


*Não tenho a certeza que o tricot seja uma actividade de camponeses, na minha família ninguém sabe tricotar, por exemplo. Talvez por ser matriarcal e a malha ser um coisa de homens. Acho que as camisolas poveiras eram tricotadas pelos homens.

1 comentário:

  1. Gostei imenso destas tuas 'visões' sobre campo/cidade. É giro porque acho que a póvoa é uma espécie de "campicidade", misturado.

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