A casa

23.1.12




Foi depois de ver o blog da Xana que disse pela primeira vez em voz alta (e toda a gente sabe que uma coisa falada é diferente de uma pensada) que o meu problema é não viver a casa como ela o faz. Ela, e o Pedro, pensaram e desenharam cada detalhe daquela casa. Construíram um ninho para a família e, garanto, é tão acolhedor como parece.
Não quer dizer que aqui o nosso ninho não seja acolhedor, mas imagino que se eu me dedicasse mais a criar espaços, não só úteis como bonitos, ou tão somente a costurar mais almofadas, mantas e outras coisas para nós, poderia ter uma relação diferente com a minha casa. Mas não, a casa é só a casa, com gavetas a precisarem de ser arrumadas, com cortinas a precisarem de bainhas, com quartos-de-banho a precisarem de ser lavados e um forno a reclamar ser esfregado.
Talvez a casa seja o sítio para onde eu quero regressar em vez do sítio onde tenho de estar, sempre.

As fotos em cima foram tiradas na casa anterior, portanto na segunda que tivemos em Lisboa, e apesar de todos os detalhes (os puxadores da sapateira, na foto de cima, as flores que comprávamos todos os sábados no jardim da Parada, o poema da Bea ao lado da cama, etc.) foi a casa em que menos gostamos de viver (portanto, I rest my case).

P.S e agora, a reler, apercebo-me que é um post incoerente. Nada de novo, pois claro.

4 comentários:

  1. Isso é o síndrome "não, obrigado." Também sinto isso em relação a fazer bolos e a ser uma excelente cozinheira (como no mínimo tenho de ser). Mas de momento, "não, obrigado". Um dia, quando for grande!

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  2. eu acho que quando estamos demasiado tempo em casa nos tornamos escravas das suas necessidades (mesmo qdo não as satisfazemos!) e dps o lado divertido desaparece num instante. principalmente com miúdos pequenos. se estivesse sozinha acho que conseguia fazer mais coisas. mas olha que esta tua casa era bem gira, pá!

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  3. Todos os lugares criados por ti onde estive eram acolhedores. Tu és clarividente e louca ao mesmo tempo, tens inquietação, impaciência e colo também ao mesmo tempo, não sabes muito bem para onde vais, mas há coisas que se têm ou não se têm - e tu tens isso, talvez involuntariamente, de saber fazer ninho.
    Eu acho que também sei e adoro sempre que isso é reconhecido. E, sobretudo, saber fazer ninho tem pouco a ver com saber decorar, ainda que saber decorar para mim seja uma arte suprema.

    Dora

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  4. bem, a gente pode escrever sobre um livro e não ser escritora, assim como pode saber escrever e não ser escritora profissional :)

    os teus ninhos são sempre muito hospitaleiros e acolhedores e adoro que as coisas não sejam perfeitas. e obrigada por te sentires bem na minha casa também, é tão bom!

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