Obrigada Lisboa

10.12.11
Vestir, tomar o pequeno-almoço, sair de casa e deixar as crianças entregues à melhor pessoa com quem poderiam ficar, o pai, é assim uma experiência a roçar o pecado da luxúria. Sair de casa de manhã e chegar ao fim do dia é experimentar, ao mesmo tempo, um milagre...mas chega de referências religiosas, até porque a transcendência não foi assim tão duradoura e só aconteceu porque saí para passear e não para me enfiar num gabinete bafiento como, infelizmente, muita gente tem de fazer.
Há muito tempo que andava a reclamar umas horas só para mim, fora de casa, mas por uma razão ou por outra a coisa nunca se proporcionava (basicamente acho que era por preferir continuar a ter razões para me queixar, porque esta coisa do sou tão desgraçada está-nos no sangue), acontece que nos últimos dias, talvez semanas, ou meses (?), comecei a sentir que as minhas funções vitais estão a desaparecer, tais como pensar, e portanto houve que tomar medidas. 
E assim fui parar, numa sexta-feira de manhã, à Mouraria e, mais uma vez, apaixonei-me por esta cidade. É impagável esta sensação de descobrirmos coisas absolutamente fantásticas a pouca distância de casa, esta sensação de entrarmos noutros continentes sem sair do país. Passear por corredores barulhentos, confusos e coloridos e sair para uma praça cheia de luz e ver gente com pressa, com vagar, gente sem ter para onde ir, gente que parece nunca chegar onde quer, gente feliz, gente em férias, gente doente. Ver gente. 
E depois sentar-me numa cadeira vintage, a uma mesa vintage, da Outra Face da Lua, a comer uma sopa moderna e por aí fora até serem horas de regressar a casa.

2 comentários:

  1. cooll! faz muito bem ao corpo e à mente, podermos destinar algumas horas a sós com os nossos pensamentos e sentidos. eu ainda não fiz isso. 'escapo-me' por uma hora ou duas, mas sempre com o stress das horas e da sopa e da papa e etc. não é a mesma coisa:)

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