Entretanto

13.9.10

Vou experimentar fazer uma sopa com as beldroegas que cresceram no vaso da salsa.
Não identifiquei a planta, quando a vi, mas percebi que só podia ser uma infestante. Imediatamente lembrei-me de um trabalho que fiz para a revista Forum Ambiente com o botânico João Gonçalves da Costa, antigo colector do Instituto de Botânica Dr. Gonçalo Sampaio, e que me marcou profundamente.
Além do conhecimento que transbordava de tudo o que dizia, ele falava das plantas como se fossem pessoas que conhecia daqui e dali. Mas o que me espantou verdadeiramente foi ele referir-se a duendes, a propósito de na Escócia as casas terem heras para os esconder, como se fossem criaturas reais. Primeiro fiquei surpreendida, depois à medida que o fui ouvindo pareceu-me perfeitamente natural que existissem seres que tentam proteger a Natureza.
E lembrei-me dele ao ver as beldroegas (Portulaca oleracea), porque notava-se que tinha uma certa simpatia pelas infestantes. Dizia ele que as austrálias (Acácia melanoxylon) e os eucaliptos (Eucalyptus globulos e E. obtusa), por exemplo, são árvores que continuam a lutar pela sobrevivência, depois de verem o continente que as acolhia partir-se: o velho continente lemuriano que se transformou na várias ilhas que hoje constituem o continente australiano, a Nova Zelândia e a Tasmânia.
Resumindo, além de uma bela sopa, as beldroegas serviram para me lembrar a magia do jornalismo.

2 comentários:

  1. "a magia do jornalismo" é bom, mas acho que os coelhos se cansaram de sair da cartola

    Paulo Ricca

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