Em casa com os dois pequenos, porque um deles está com febre. Agora escutem com atenção que eu só vou dizer isto uma vez: Tão mais fácil trabalhar, senhores, mas tão mais fácil!
P.S Não digo que é melhor trabalhar, apenas que é mais fácil.
Mais sol
14.4.13
Já hoje não faço ideia se as gentes sorriem, porque há demasiada roupa para estender e dobrar, demasiado pó para sacudir e humidade para espantar. Há também febres para curar.
E há-de haver uma fórmula secreta que permite assegurar as tarefas do dia-a-dia de uma família de cinco sem se sentir o desperdício de tempo que as mesmas acarretam e sem se recorrer aos serviços de uma empregada doméstica. Quando a descobrir aviso. Até lá continuarei a fazer de conta que tudo isto faz muito sentido.
E há-de haver uma fórmula secreta que permite assegurar as tarefas do dia-a-dia de uma família de cinco sem se sentir o desperdício de tempo que as mesmas acarretam e sem se recorrer aos serviços de uma empregada doméstica. Quando a descobrir aviso. Até lá continuarei a fazer de conta que tudo isto faz muito sentido.
Saudade
11.4.13
Ao ler esta crónica percebi finalmente esse sentimento que dizem ser exclusivamente português, porque a palavra só existe em português: a saudade. Dizem, as pessoas que estudam estas coisas, que a língua de um povo determina a sua forma de ser (e disse-me o Jaime que os timorenses são como o tetum, uma língua em que hanoin é a palavra usada para traduzir "saudade" e que também quer dizer "pensar"), mas não é disso que quero falar, até porque não me lembro de quase nada do que disse o Wittgenstein e o Roland Barthes, os únicos que tenho uma vaga ideia de ter lido sobre este assunto (e aqui poderíamos abrir um outro parêntese para falar sobre a minha memória, mas agora não interessa nada).
Voltando à saudade, foi exactamente aquela parte do texto em que o jornalista diz que só vê os pais uma vez por ano e por isso tem saudades dos almoços de domingo, ou que sente saudades de ver a afilhada tornar-se mulher, porque a deixou criança antes de sair do país, que finalmente compreendi a minha não saudade dos filhos bebés. É certo que eu ainda tenho um filho bebé, mas também tenho uma filha de quase 12 anos e outro que vai fazer quatro. E não, não sinto saudades dos meus filhos pequenos. Percebo agora porquê.
Eu vivi tudo o que havia para viver enquanto eles foram pequenos. Vivi tudo muito intensamente. Nem sempre aproveitei tudo que havia para aproveitar e disso, sim, tenho algumas saudades, mas de resto está bem assim: Eles a crescer, às vezes muito depressa, às vezes muito devagar.
A saudade é, portanto, um sentir falta do que não se viveu. Por isso temos muitas vezes saudades do futuro. Quem é que disse isto? Terá sido o MEC? Bom, na altura não fez tanto sentido como faz agora.
Voltando à saudade, foi exactamente aquela parte do texto em que o jornalista diz que só vê os pais uma vez por ano e por isso tem saudades dos almoços de domingo, ou que sente saudades de ver a afilhada tornar-se mulher, porque a deixou criança antes de sair do país, que finalmente compreendi a minha não saudade dos filhos bebés. É certo que eu ainda tenho um filho bebé, mas também tenho uma filha de quase 12 anos e outro que vai fazer quatro. E não, não sinto saudades dos meus filhos pequenos. Percebo agora porquê.
Eu vivi tudo o que havia para viver enquanto eles foram pequenos. Vivi tudo muito intensamente. Nem sempre aproveitei tudo que havia para aproveitar e disso, sim, tenho algumas saudades, mas de resto está bem assim: Eles a crescer, às vezes muito depressa, às vezes muito devagar.
A saudade é, portanto, um sentir falta do que não se viveu. Por isso temos muitas vezes saudades do futuro. Quem é que disse isto? Terá sido o MEC? Bom, na altura não fez tanto sentido como faz agora.
Eu devia era ter feito um empadão e pronto
10.4.13
Ontem fez ele 40 anos e eu já sabia que não valia a pena tentar surpreendê-lo com grandes coisas, porque 1) já não tinha tempo para isso, 2) não tenho mesmo jeito e 3) as coisas que planeio, por norma, correm mal, daí dar uma certa preferência ao improviso. Mas o improviso...
Decidi, no próprio dia, que no aniversário dele teria de haver sushi e ostras e por isso tratei de ver como fazer a coisa. Antes disso lembrei-me que o melhor seria não ir trabalhar e passarmos o dia juntos, mas não tive coragem, já tenho de faltar muitas vezes quando os miúdos ficam doentes.
Por isso, almoçamos juntos, o que invalidou a compra da prenda a essa hora, mas como podia ser comprada na internet, saí num instante para ir ao multibanco tratar do Mbnet, porque não tenho cartão de crédito. Fiz tudo direitinho, mas a resposta do site era sempre a mesma: "O pagamento falhou, nenhuma transacção foi registada. Por favor tente mais tarde. Obrigado". Lá fui almoçar sem prenda.
Para compensar não ter prenda achei que seria giro ele ir buscar os miúdos e estarem lá os três com um cravo cada um (há muitos anos que lhe ofereço cravos vermelhos no aniversário). Pedi a uma amiga que trabalha perto da escola da Bea para comprar os cravos e entregar-lhos. Assim, depois das aulas ela podia ir ter à escola dos irmãos com as flores. Liguei a um e a outro para ver se não haveria desencontros e tal e estava tudo nos conformes. Nisto liga-me o Jaime, já com os miúdos, e eu toda contente a correr com o telefone na mão para o atender (aqui dentro não tenho rede) e ouvir do outro lado uma voz ligeiramente emocionada, mas em vez disso pergunta-me ele: "que farinha queres"? Tinha ido às compras, portanto.
Depois deixou os miúdos em casa e ofereceu-se para me vir buscar ao trabalho. Pronto, estava safa, ia pedir-lhe para irmos ao Saldanha buscar uma coisa e poderia surpreendê-lo com champanhe e ostras no Parte 2. Assim foi. Correu bem, portanto.
Mas o melhor estava para vir, achava eu, íamos comer sushi, ou o Jaime ia comer sushi, que aquilo é demasiado caro para um jantar de família, e cantar os parabéns com um bolo feito pela Bea.
E eis que o imponderável acontece - o Jaime começa a sentir-se mal. Sim, eu tenho um tabuleirinho cheio de peixe cru enrolado em arroz, peixe cru em cima de arroz, peixe cru em fatiinhas lindinhas, do Sushi Café, e o Jaime está mal disposto.
Não sei muito bem como, ele acabou por conseguir comer e jurar que estava delicioso, mas cá para mim ele não quis foi desiludir-me.
Decidi, no próprio dia, que no aniversário dele teria de haver sushi e ostras e por isso tratei de ver como fazer a coisa. Antes disso lembrei-me que o melhor seria não ir trabalhar e passarmos o dia juntos, mas não tive coragem, já tenho de faltar muitas vezes quando os miúdos ficam doentes.
Por isso, almoçamos juntos, o que invalidou a compra da prenda a essa hora, mas como podia ser comprada na internet, saí num instante para ir ao multibanco tratar do Mbnet, porque não tenho cartão de crédito. Fiz tudo direitinho, mas a resposta do site era sempre a mesma: "O pagamento falhou, nenhuma transacção foi registada. Por favor tente mais tarde. Obrigado". Lá fui almoçar sem prenda.
Para compensar não ter prenda achei que seria giro ele ir buscar os miúdos e estarem lá os três com um cravo cada um (há muitos anos que lhe ofereço cravos vermelhos no aniversário). Pedi a uma amiga que trabalha perto da escola da Bea para comprar os cravos e entregar-lhos. Assim, depois das aulas ela podia ir ter à escola dos irmãos com as flores. Liguei a um e a outro para ver se não haveria desencontros e tal e estava tudo nos conformes. Nisto liga-me o Jaime, já com os miúdos, e eu toda contente a correr com o telefone na mão para o atender (aqui dentro não tenho rede) e ouvir do outro lado uma voz ligeiramente emocionada, mas em vez disso pergunta-me ele: "que farinha queres"? Tinha ido às compras, portanto.
Depois deixou os miúdos em casa e ofereceu-se para me vir buscar ao trabalho. Pronto, estava safa, ia pedir-lhe para irmos ao Saldanha buscar uma coisa e poderia surpreendê-lo com champanhe e ostras no Parte 2. Assim foi. Correu bem, portanto.
Mas o melhor estava para vir, achava eu, íamos comer sushi, ou o Jaime ia comer sushi, que aquilo é demasiado caro para um jantar de família, e cantar os parabéns com um bolo feito pela Bea.
E eis que o imponderável acontece - o Jaime começa a sentir-se mal. Sim, eu tenho um tabuleirinho cheio de peixe cru enrolado em arroz, peixe cru em cima de arroz, peixe cru em fatiinhas lindinhas, do Sushi Café, e o Jaime está mal disposto.
Não sei muito bem como, ele acabou por conseguir comer e jurar que estava delicioso, mas cá para mim ele não quis foi desiludir-me.
O bolo feito pela Bea
Festa em seis partes
8.4.13
Então, resumidamente, a minha festa do 40.º aniversário foi maravilhosa. Fiz bem em confiar no moço, ele sabe mesmo organizar uma festa. Começou logo por escolher a cidade perfeita e os meus amigos fizeram o resto:
Parte 1- Chegada ao Porto com jantar na mesa e a casa, que esteve fechada durante três meses, limpa e arrumada. Tudo isto graças aos serviços fantásticos DaJoana.
Parte 2 - Pequeno almoço no Moustache, seguido de cabeleireiro e esteticista.
Parte 3 - Piquenique nas Virtudes, com mais comida DaJoana, seguido de uma pequena incursão cultural no CPF e Piolho.
Parte 4 - Jantar no Pombeiro (a meio do jantar o Jaime levou os meninos a casa, onde ficaram com o meu irmão).
Parte 5 - Diversão nocturna (que me passou ao lado derivado ao meu fígado e outros órgãos internos que se viram irremediavelmente afectados pelos excessos do dia).
Parte 6 - Motel.
Foi perfeito? Foi. O moço não só me conhece muito bem, como tem um talento especial para os detalhes. Por exemplo:
- Sair de Lisboa a uma sexta-feira ao final do dia, com três cachopos no carro, pode ser muito complicado e o Nicolau estava particularmente mal disposto. Mas depois há o jantar à nossa espera, as velas espalhadas pela mesa e pela casa.
- Ao pequeno-almoço estavam os dois felicíssimos, tão felizes que alguns clientes do café se sentiram obrigados a mudar de sítio. Mas depois eles ficaram com o pai e eu fui ao cabeleireiro.
- O Isaac passou grande parte da tarde mijado, porque fez xixi nas calças, como sempre que vamos ao Porto, mas secou mais ou menos rápido com tanta correria e, além disso, o pai desapareceu com eles para voltar a aparecer já com outra roupa no restaurante.
- E nem sempre foi fácil que eles se portassem bem (no CPF, no café, no restaurante,etc.), mas eu podia fazer de conta que não era nada comigo. Tirando um ou outro momento...
- Passei muitas horas seguidas rodeada por quase todas as minhas pessoas preferidas, a sentir-me cheia de toda a espécie de sentimentos bons.
Parte 1- Chegada ao Porto com jantar na mesa e a casa, que esteve fechada durante três meses, limpa e arrumada. Tudo isto graças aos serviços fantásticos DaJoana.
Parte 2 - Pequeno almoço no Moustache, seguido de cabeleireiro e esteticista.
Parte 3 - Piquenique nas Virtudes, com mais comida DaJoana, seguido de uma pequena incursão cultural no CPF e Piolho.
Parte 4 - Jantar no Pombeiro (a meio do jantar o Jaime levou os meninos a casa, onde ficaram com o meu irmão).
Parte 5 - Diversão nocturna (que me passou ao lado derivado ao meu fígado e outros órgãos internos que se viram irremediavelmente afectados pelos excessos do dia).
Parte 6 - Motel.
Foi perfeito? Foi. O moço não só me conhece muito bem, como tem um talento especial para os detalhes. Por exemplo:
- Sair de Lisboa a uma sexta-feira ao final do dia, com três cachopos no carro, pode ser muito complicado e o Nicolau estava particularmente mal disposto. Mas depois há o jantar à nossa espera, as velas espalhadas pela mesa e pela casa.
- Ao pequeno-almoço estavam os dois felicíssimos, tão felizes que alguns clientes do café se sentiram obrigados a mudar de sítio. Mas depois eles ficaram com o pai e eu fui ao cabeleireiro.
- O Isaac passou grande parte da tarde mijado, porque fez xixi nas calças, como sempre que vamos ao Porto, mas secou mais ou menos rápido com tanta correria e, além disso, o pai desapareceu com eles para voltar a aparecer já com outra roupa no restaurante.
- E nem sempre foi fácil que eles se portassem bem (no CPF, no café, no restaurante,etc.), mas eu podia fazer de conta que não era nada comigo. Tirando um ou outro momento...
- Passei muitas horas seguidas rodeada por quase todas as minhas pessoas preferidas, a sentir-me cheia de toda a espécie de sentimentos bons.
Parte 1 (com um bocadinho do meu vestido de flanela)
40
5.4.13
No dia do meu 40.º aniversário estou a trabalhar, coisa que já não acontecia há cinco anos. No dia do meu 40.º aniversário vesti o vestido de flanela, porque era a única coisa que não estava para lavar, ou a secar. No dia do meu 40.º aniversário vou comprar o jornal, porque é dia de ípsilon (e aproveito para ver no Público quem mais faz anos hoje). No dia do meu 40.º aniversário ostento um belo buço. No dia do meu 40.º aniversário está frio. No dia do meu 40.º aniversário inaugura uma exposição na Gulbenkian sobre esta mulher que tanto me emociona (por mais que digam que está na moda, blá blá blá). No dia do meu 40.º aniversário oito braços enroscaram-se em mim logo pela manhã. No dia do meu 40.º aniversário acordei contrariada e, estranhamente, um bocado feliz.
E o dia do meu 40.º aniversário ainda mal começou.
E o dia do meu 40.º aniversário ainda mal começou.
Ch-ch-ch-ch changes
4.4.13
Diz que há coisas a ser preparadas para festejar o meu 40.º aniversário. Eu não gosto nada de festas surpresa mas ele disse "confia em mim" e, como há poucas pessoas no mundo em quem confie tanto como nele, eu disse "tá bem".
Diz também que para a semana começamos a mudar de vida.
É Abril. Só faltas tu, ó Primavera.
Perguntas que eu gostava mesmo de saber a resposta
3.4.13
Será normal eu estar nervosa, tipo, com um bocado de medo e tudo, por causa de mais uma reunião de final de período com a directora de turma da Beatriz? (Definitivamente, a miúda tem razão para se sentir pressionada.)
Mas foi bonito enquanto durou
2.4.13
Ao longo dos últimos dias houve uns intervalos em que pensei que se calhar era, finalmente, uma pessoa crescida. Dessas pessoas que aceitam as coisas tal como são, que não gastam energia em desesperos inúteis, que sabem o que têm de fazer para as coisas funcionarem o melhor possível.
Durante os últimos dias passámos horas e mais horas em transportes públicos (eu e os rapazes e depois eu, os rapazes e a rapariga e o órgão dela), apesar das várias tentativas de dissuasão por parte dos meus queridos familiares que achavam que as saudades e o ar puro não compensavam a empreitada; Durante os últimos dias quase não discuti com a minha mãe; acordei cedo para jogar futebol à chuva e não me custou assim tanto como isso; também fiz algumas limpezas sem vociferar. Durante os últimos dias cheguei a pensar que me tinha tornado uma pessoa diferente (talvez por ter sobrevivido a dias e doenças tão complicadas), mas depois mudou a hora e fodeu tudo. Era verem-me hoje de manhã a rosnar para os miúdos, a ameaçar deixá-los em casa, porque eu estava com pressa e, a avaliar pela forma como o Isaac me olhava, a falar com eles de ar tresloucado.
Durante os últimos dias passámos horas e mais horas em transportes públicos (eu e os rapazes e depois eu, os rapazes e a rapariga e o órgão dela), apesar das várias tentativas de dissuasão por parte dos meus queridos familiares que achavam que as saudades e o ar puro não compensavam a empreitada; Durante os últimos dias quase não discuti com a minha mãe; acordei cedo para jogar futebol à chuva e não me custou assim tanto como isso; também fiz algumas limpezas sem vociferar. Durante os últimos dias cheguei a pensar que me tinha tornado uma pessoa diferente (talvez por ter sobrevivido a dias e doenças tão complicadas), mas depois mudou a hora e fodeu tudo. Era verem-me hoje de manhã a rosnar para os miúdos, a ameaçar deixá-los em casa, porque eu estava com pressa e, a avaliar pela forma como o Isaac me olhava, a falar com eles de ar tresloucado.
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