O meu coração quer fugir de mim

14.7.19
Tem acontecido acordar a meio da noite, sempre à mesma hora, com aquela sensação de pânico, como se me estivesse a afogar, ou como se alguma coisa terrível estivesse para acontecer.
São sintomas comuns a cada vez mais pessoas que sofrem de doenças mentais, já se sabe, mas eu encaro-os mais como um banho de realidade. Quer dizer, não há como não ter medo das coisas terríveis que podem acontecer (e acontecem todos os dias a biliões de pessoas), o segredo é não pensar muito nelas, ou não sendo capaz de parar de pensar, não lhes dar muita importância.
Mas a meio da noite, com o coração quase a saltar cá para fora (o meu coração quer fugir de mim, muitas vezes), não é muito fácil.
Hoje, de madrugada, depois de perceber que não ia conseguir voltar a dormir, tentei entender o que me assustava. Já falei aqui sobre o meu medo, sobre ter sempre tanto medo, mas nunca me pareceu fundamental procurar a origem disso, porque a bem dizer não há como ser humano sem sentir medo. É, basicamente, uma ferramenta de sobrevivência (se calhar deveria dizer skill, é muito mais trendy).
Bom, mas eram cinco da manhã, não me apetecia sair da cama ainda de noite, por isso pus-me a fazer uma lista mental dos meus medos e cheguei à conclusão que todos se resumem a um: Medo de não ser capaz.
-Medo de não ser capaz de salvar os meus filhos das arbitrariedades da vida e de não tomar as decisões certas, nos momentos certos
-Medo de não ser capaz de estar à altura dos desafios profissionais que vão surgindo
-Medo de me render e fazer o que é suposto, ou o que os outros esperam de mim, em vez de fazer o que me dá na real gana (eu gosto de acreditar que podemos fazer o que nos apetece, desde que saibamos viver com isso)
-Medo de falhar. Esta ideia de ser uma falhada persegue-me e, às vezes, gostava de saber quando começou. Mas o dia já estava a nascer, as gaivotas guinchavam, os cães ladravam e apeteceu-me café. 

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