O que se passa com as árvores?

16.8.17
Não sei se é por Mercúrio estar retrógrado, ou se é por ser Agosto, esse mês terminal, como em tempos defini, mas parece que a vida está suspensa. Fazemos as mesmas coisas de sempre, sentamo-nos a comer, saímos para comprar água e detergente da roupa, falamos sobre o futuro, enquanto não é formado um novo Governo, sacudimos a areia dos pés antes de entrar no carro, ficamos indignados com a marcação da leitura da sentença do português e da mulher, retidos em Timor há três anos, chocados com a morte de três pessoas num acidente, causado por uma árvore que caiu em cima do carro em que viajavam (o que se passa com as árvores? 13 mortos e 49 feridos, na Madeira. Três mortos e dois feridos em Manatuto).
Pensando bem, não fazemos as mesmas coisas. Repetimos gestos e convenções para não dar em malucos. Seguimos em frente, mesmo quando no início da estrada está o sinal com a fita branca e as cadeiras já estão a ser alinhadas para o funeral da criança, mesmo quando os gritos das mulheres ficam a ecoar dentro de nós.

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