Já está

10.1.17

Ficar muito tempo sem escrever num diário levanta um grande problema: Deve uma pessoa seguir escrevendo, como se não tivesse havido um hiato de tempo? Na verdade, ainda não passou um mês, e não há assim tanta coisa a acontecer num mês, certo? Errado.
A vida numa ilha tropical do sudeste asiático pode ser muito aborrecida, não sei se é por isso que os expatriados bebem tanto, mas ao mesmo tempo parece que está tudo a acontecer. Como se os fragmentos dos dias formassem um todo mais claro. O que até faz sentido, porque os dias passam mais lentos e nesse abrandamento é mais fácil ver a paisagem à volta.
E vejo uma filha quase adulta e um quase recém bebé que vai este ano para a escola primária, que é aquele patamar em que os pais dão por terminada a primeira infância.
Acho que é por isso que este blog deixou de ser o diário desesperado de uma doméstica (sim, é mais giro stay-at-home-mom, mas o glamour nunca foi o meu forte e eu até acho que tentei algumas vezes).
Por isso e porque agora não tenho de limpar a casa, lavar a roupa e secá-la em cima dos aquecedores, limpar a areia dos gatos e levar os miúdos a um jardim para correrem em liberdade. Bem, esta última parte até podia ser uma coisa gira, só que nem por isso. Para mim era uma canseira. Até tinha pesadelos com o mais pequeno a cair daquela girafa do jardim da Estrela.
E até me podem vir dizer que o pior está para vir. Que quando são pequeninos é que é bom. Sim, é bom, de uma forma peculiar, mas também é tremendamente exigente. O que faz com que acredite, talvez erradamente, que a parte difícil está feita. Ou isso, ou comecei a viver naquelas bolhas em que se põe lá dentro o que nos interessa.
É que a bem dizer eu nunca me preocupei tão pouco com a educação deles como no último ano (e até tenho um filho sem vontade nenhuma de aprender o currículo escolar), mas a sensação que tenho é que tudo está a correr bastante bem (sim, eu acabei de escrever isto).
Pois, mas isto não aconteceu durante o mês em que não escrevi aqui, poderão dizer-me. Pois claro que não, isso tem vindo a acontecer.
O que aconteceu no último mês foram as mesmas coisas de sempre. Hoje, por exemplo, acordei tarde, fui mordida por formigas assassinas, porque não reparei que a toalha do banho estava cheia delas outra vez, e depois comi uma panqueca feita no micro-ondas, porque o gás acabou precisamente quando ia começar a fazê-la no fogão.
Mas também aconteceu uma viagem com um reencontro ansioso e uma despedida dramática. Com momentos de contemplação que só as viagens proporcionam e com a sensação (um pouco intensificada pelo fim da leitura do livro "O Grande Bazar Ferroviário", no fim da viagem) de que esta parte da vida já está. Passemos à seguinte.

2 comentários:

  1. Julgo que percebo o que dizes. Tive essa sensação no ano passado com os 3, finalmente, a frequentar a mesma escola (quando a mais nova foi para a primária). Este ano também sinto que entrei numa nova fase, com o mais velho (7º) agora em outra escola, mas já com passe e sem termos que o transportar. Estou mais do que pronta para que o resto da coorte se junte a esta nova vida, porque me sinto ligeiramente no limbo outra vez. Mas estou definitivamente pronta para o próximo capítulo e acho que vai correndo tudo bem. Quando crescem é mais fácil e mais giro também.

    ResponderEliminar
  2. Calitam conta mais sobre a Bea. Podia fazer um post só sobre ela, se ela te deixar! :)
    GOstava tanto de saber como está a correr e como vocês lidam com a situação etc etc. Pensa nisso com carinho.

    ResponderEliminar