A propósito da reportagem sobre mães a tempo inteiro na NM, é verdade que, como diz Catarina Carvalho no editorial, só toma essa opção quem pode. Eu continuo a insistir que mais do que poder é preciso querer, mas que sei eu da vida tendo em conta que em vez de chorar porque este país está transformado numa valeta de vómito, me ponho a chorar que estou farta de estar grávida, sabendo que a seguir vou continuar a chorar porque me doem as mamas e não durmo e estou gorda e sabe-se lá o que mais?
Bom, retomando o fio à meada, é verdade que só fica em casa a cuidar dos filhos quem pode só que o que não foi dito é que para poder é preciso, por exemplo, ir ao médico ao Centro de Saúde, porque não tendo emprego não se pode ter seguro de saúde. Os filhos nascem no hospital público e vão para a escola pública, naturalmente. Não quer dizer que a opção fosse diferente mesmo tendo um emprego, porque ainda creio no Estado social (e na bondade do ser humano, amém) , mas isso é uma conversa para outra altura. Isso e os fins-de-semana em Paris,Viena e Ponte de Lima.
Fiz tantas entrevistas e este trabalho revelou-se tão profundo e complexo que mesmo no texto que escrevi para a revista (com muitos carateres) senti que ficaram muitas coisas por dizer. Eu também acho que é preciso querer (eu, por exemplo, até alinhava num trabalho com menos horas com o mesmo salário) mas acho que não seria capaz de ficar em casa com o miúdo, portanto sou das que não quer (mesmo que pudesse) - o que me faz admirar ainda mais as mães que entrevistei.
ResponderEliminarE ainda assim ficou uma reportagem bastante completa, com retratos de mães muito diversos. Agora tens de tratar de escrever sobre pais que ficam em casa a ver se as coisas começam a mudar ;)
ResponderEliminarEstive a ler a reportagem... Sou mais uma mãe a tempo inteiro por opção.
ResponderEliminarHá que ache um desperdício por ser licenciada, mas certo é que estou feliz com a opção que fiz.
O meu filho de 2 anos é uma criança, feliz, calma, segura pouco dada a birras.
Cuido da casa, da horta, dos cães, da família.
Saio quando quero, limpo o pó quando quero, descanso quando me apetece, vou à net quando tenho vontade... livre de horários e patrões chatos.
Estar em casa não quer dizer que se esteja lentamente a morrer estúpida... existem muitas actividades estimulantes para se fazer, desde que se queira!
:))
Eu estou na eminência de ficar em casa. A minha bolsa acabou e não acredito que seja renovada (FMI e tal...). Ficaria com a mais pequena dos 3 (19 meses). Não é que me assuste o trabalho de casa. Pelo contrário. Em muitos momentos gostava que fosse essa a minha vida. Mais simplificada. Com menos "ajudas" compradas, mais à minha maneira (sou um bocado maníaca de controlo de como as coisas são feitas).
ResponderEliminarO que me assusta é a alteração da dinâmica de poderes no casal. Aquela coisa do ordenado. Do "tu não estás a contribuir". Sim, eu sei que estou a contribuir. Eu sei que é muito válido, por vezes muito mais que um trabalho. Mas nesta sociedade (isto não é só o meu marido... é o que nos rodeia) o nosso contributo é validado pelos euros que retorna ao final do mês. O mesmo trabalho é visto de forma muito diferente e considerado mais, ou menos, importante se gerar 500 euros ou 1500 euros. Isso assusta-me. E muito!
A mim também, Joana, acredita. Quando nasceu a mais velha e decidi despedir-me do emprego ainda consegui ficar a ganhar uns trocos como freelancer, o que me fazia sentir menos mal. Agora, sou pura e simplesmente sustentada pelo Jaime, que é pai dos meus filhos, é certo, mas...Por isso é que eu acho que esta opção apesar de muito válida e bonita e tudo e tudo é tramada!
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