Ora bem, parece que vamos começar um desafio como deve ser e a Joana Valente explica-o aqui muito bem.
Quando vi que o tema proposto era Espalhar-se ao Comprido pensei: ''Aqui está um tema que resume a minha vida". E num relance vi os meus espalhanços a passarem à frente dos olhos: Eu a estudar para ser jornalista e a não conseguir ser mais do que jornaleira; eu a desejar ser mãe e a sair da maternidade com uma bebé chorona, que ainda assim chorava menos do que eu; eu a casar-me depois de viver sete anos com o pai da minha filha e a divorciar-me um ano depois; eu a comprar uma casa em Lisboa e passado dois anos ter de a vender, porque não tinha rendimentos suficientes para a pagar; eu a abrir uma garrafeira e a fechá-la passados cinco anos, e esse foi um negócio bem sucedido, comparativamente ao anterior; eu aos 50 anos a voltar para casa da minha mãe. Vamos fazer uma pausa.
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Porque este último é o melhor, na espectacularidade, ou então é por ser o mais recente. É o equivalente àquelas quedas na passerelle, ou nas escadas para o palco a caminho de receber um Óscar, só que sem essa recompensa. Mas, convenhamos, depois de cada um destes espalhanços houve que levantar e seguir e, ainda, tudo o que ficou para contar, porque como diz Ariano Suassuna ''Tudo o que é ruim de passar é bom de contar''.
E nós preferimos ter o que contar, não preferimos? Além disso, de que outra forma eu teria viajado, e bebido champanhe, na primeira classe da Air France? Teria insistido em ser a melhor mãe que conseguisse; teria acreditado que melhor é possível; teria passado temporadas em Santa Apolónia, recebido a Mnemónica na Vinharia, no âmbito do Correntes D' Escrita (que está quase de regresso à Póvoa de Varzim); estado com o JP Simões no Aduela, no lançamento d' As Crónicas do Autocarro, do Jorge Manuel Marmelo e, finalmente, como chegaria a Profissional do Turismo (é o que diz o meu contrato de trabalho), se não tivesse obrigatoriamente de arranjar um emprego? Ah? Como?
É claro que eu comecei a escrever essa história, do último espallhanço, a falar sobre o mesmo ponto de partida, em dois tempos diferentes, mas não terminei-a, como todas as outras. Talvez esteja na altura de arranjar um Fim para as minhas histórias.
Enquanto não temos um espaço comum podem seguir os links para ver como se espalharam ao comprido as outras pessoas do coletivo:
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