Talvez eu seja demasiado imaginativa

4.11.15

Já tenho a bicicleta. Quer dizer, só vai ser minha quando a dona dela se for embora de Timor, no final deste mês, mas já me vejo a ir buscar a fruta a Lecidere, a pedalar na marginal até ao café Letefoho e seguir para comprar katupa (ai, tenho de fotografar este arroz) nas barracas montadas na praia.
Parece-me que sou muito mais feliz a imaginar as coisas que posso fazer do que a fazê-las. Isto tem jeitos de ser uma doença, ou uma condição, vá, mas a realidade tem certas nuances que tornam tudo muito mais...real.
Eu não tenho nada contra a realidade, aliás, é muito mais a minha praia, como acho que se consegue perceber mas é mais fácil ser feliz a imaginar estas voltas de bicicleta por Díli sem incluir o calor abrasador, a quantidade de motoristas que não cumpre qualquer regra de condução e os cães que correm atrás a ladrar.
É como ter filhos, lá está, a malta imagina a maternidade/paternidade de uma forma e depois não dorme, passa a vida a limpar merda, com as mamas a pingar leite e a chorar por tudo e por nada. Eles são lindos, claro, e o que sentimos por eles não se parece com nada que tenhamos sentido antes, mas a realidade é bem diferente da imagem que tínhamos criado.
Isto, enquanto são bebés, porque depois eles começam a crescer e nós deixamos de querer imaginar o que quer que seja, porque a única coisa que interessa é o bem estar deles. O que só prova que o melhor é mesmo viver.

P.S Juro que não percebo porque é que comecei um post a falar da bicicleta e acabei a escrever sobre filhos.

2 comentários:

  1. Não?!, mas é quase sempre assim.
    Se terminasses com o tema que começas, deixaria de ter piada vir cá ler-te. Ler os teus posts é como abrir uma caixinha de surpresas.

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  2. Como te compreendo, como te compreendo.

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