E depois fomos à montanha

9.11.15



Andava eu encantada com o mar e as praias timorenses que tenho visto e frequentado, desde Batugadé até Tutuala (toda a costa Norte, portanto) até que fui à montanha.
A montanha é todo um outro mundo. Eu sabia que estar no meio de um elemento tão preponderante, não só na paisagem, como nos próprios timorenses - que lá se refugiam em todos os feriados e festas de guarda - seria impactante. Tanto mais quando se sabe que estas montanhas foram, em muitas épocas diferentes da história de Timor, um aliado como nenhum outro, mas mesmo assim não estava preparada para o que ia encontrar.
Eu até podia tentar descrever com muitos detalhes tudo o que fomos vendo, mas parece-me que é mais uma coisa que se sente, estando lá.
Lá em Balibó, a conversar na esplanada da pousada do forte e a sentir a presença daquele silêncio. Depois, a caminho de Maliana rodeados de montes e vales, montes e vales e mais montes e vales; a passar pela capital de distrito, e ficar admirada com a organização (não vimos porcos, nem galinhas nas estradas, por exemplo) e seguir para Bobonaro e depois para Marobo, à procura da fonte de água quente. Inacreditável o que é preciso descer até lá! Não percebo como é que os timorenses que estavam a tomar banho, chegaram ali, porque os únicos veículos estacionados eram motas. Aliás, nem percebo como é que conseguiam tomar banho, já quea água estava a escaldar. E cheirava muito mal, diziam os meus filhos, coisa que, vim a saber depois, não se deve dizer ali, perto da água sagrada.
Lá pelo meio da montanha, atravessando a cordilheira de Tatamailau, por Ermera. Um percurso que corresponde a cerca de 150 km e que demorou umas sete horas, num carro todo o terreno.
Fizemos uma paragem para mergulhar nas cascatas de Atsabe, mas foi mesmo só um mergulho, porque a quantidade de crianças e jovens timorenses que se juntaram para nos observar intimidou-nos, e outra para comer pão com salsichas no momento em que começou a chover, claro.
Tirando isso, andámos perdidos uns cinco quilómetros, e se não fosse a biscota que faz Suai-Maliana (tipo microlet mas para viagens de longa distância) provavelmente teríamos ido parar ao outro lado da ilha.
Enfim, resumindo, o percurso é duro, que é, mas é absolutamente incrível.
E os miúdos, perguntam vocês? os miúdos adoraram passar dentro de uma nuvem, na zona de Merique, a 2100 metros de altitude (nenhum de nós tinha estado num ponto tão alto acima do mar), da paisagem parecida com a Terra do Nunca e divertiram-se com os saltos dentro do carro (a miúda nem tanto). Além disso, estiveram impressionantemente calmos a maior parte do tempo.

2 comentários:

  1. Na adolescência as coisas são vividas de uma outra forma.

    Só aventuras fabulosas!

    ResponderEliminar