Dona de casa desesperada*

4.9.12

Vamos lá ver, parece-me bastante claro que eu estou longe de ser o protótipo da stay-at-home mom feliz e eficiente. Antes pelo contrário, isto aqui em casa roça o ridículo (chamemos-lhe assim), a maior parte das vezes. Naturalmente, eu gostava muito de acreditar que isso acontece porque sou uma pessoa do mundo e não uma pessoa da casa, mas, na realidade, não tenho como explicar esta falta de ambição para "construir uma carreira" e, ao mesmo tempo, a inaptidão total para fada do lar. Sim, podemos discutir se uma coisa leva a outra (não leva, obviamente, há vida para além da carreira e do lar), mas acabaremos sempre no mesmo sítio: "o que é que que queres da vida, afinal"?
Apesar disso (ou por isso mesmo?), acontece que eu tenho uns filhos espectaculares, um bocado estranhos, é certo - o Isaac passa-se com vídeos promocionais a caterpillars, no youtube; o Nicolau não resiste a chapéus e sapatos e a Beatriz, bom, a Beatriz vive noutra dimensão, assim numa espécie de programa de televisão tipo o Glee -, mas espectaculares ainda assim.
Portanto, nem tudo vai mal no reino destes pais desesperados, mas que estamos a precisar de uma dessas fadas (sim, a piadinha de trocar o "a" pelo "o" também se aplica), com uma varinha mágica das verdadeiras, sem ser a da sopa, que de sopas estou eu farta até ao catulo, estamos!

* se ao menos eu fosse tão gira como ela

12 comentários:

  1. Esses vídeos promocionais a caterpillars, no youtube, salvam-me a vida! é vê-los concentrados e quietinhos no sofá... e uns desenhos animados coreanos de autocarros, também no youtube.
    A esses 2 filmes acrescenta "As horas" e fico deprimida o dia todo...

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  2. "The hunger for an alternative, and the refusal to accept a life of unhappiness". Estava aqui às voltas com este teu filme, o "Pecados intimos", de que estranhamente nunca tinha ouvido falar e depois vi a data em que foi feito. AAHAAHAHA, 2006, o ano em que fui mãe. Não preciso de mais explicações. Andas no bom caminho, Calita, à procura de alternativas para seres mais feliz. Ou ainda mais feliz.
    E deixa-te de coisas que és mais bonita que a Kate, e não, não estou a falar dessas tretas das belezas interiores.

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  3. Sair da confort zone é libertador! Eu estou a começar e acredita.... A rejuvenescer!

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  4. Eu muitas vezes senti-me assim, para já tenho apenas uma filha e enquanto estive desempregada mesmo assim achava melhor que ela ficasse no infantário e desesperava por um trabalho (que o de casa nunca acaba e eu não fui fadada para isso), pelo menos era o que eu achava, até ter um emprego em que deixei de poder ir buscar a minha piolha ao infantário e senti uma angustia que não consigo explicar, Somos uns bichos insatisfeitos por natureza e acho que isso até é bom. Este texto todo para dizer o quanto te compreendo. O que nos vale é que temos imensos momentos de felicidade.

    Suzana

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  5. Longe de conhecer o seu drama familiar (porque ainda não tenho filhos) mas porque acho piada à forma como como descreve a sua rotina, pensei que a sua vida podia ser um excelente argumento para uma série de humor (do mesmo género do Felizes para Sempre, com Ana Galvão e Nuno Markl). Portanto deixo aqui esta sugestão ... (E não estou a gozar/criticar. Considero mesmo que tem uma veia cómica;).

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  6. Pela tua rica saudinha, Calita, só pelas recomendações de livros que te vou surripiando ao Goodreads (e agora filmes!) já dá para perceber que, nesse limbo entre pode-ser-que-carreira-vai-se-andando-como-super-mãe-de-três, a coisa está claramente no caminho certo.

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  7. Não sendo eu alguém muito capacitado para dizer isto, parece-me que ser mãe de três a tempo inteiro é um doutoramento para tudo. As mães são sempre as melhores e mais profissionais trabalhadoras, seja em que área for, com poucas excepções. E venham atirar-me pedras, que eu me atenho a isto com todas as forças. Mais a mais, no teu caso, eu sempre achei que o teu êxito naquilo que escolheres, sempre dependerá mais da tua vontade (e força de) do que de capacidade e sabedoria, que estas duas últimas vantagens nunca te faltaram.

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  8. Ah, falta a Mildred Pierce, que acabei de ver ontem e graças a dois serões a mamar cinco episódios, estou cheia de sono. Ela é lindíssima, sim senhora, daquelas gajas que serão bonitas até serem velhinhas, coisa que muito invejo porque as mulheres da minha família ficam com a cara ossuda e os narizes maiores, embora com uma pele maravilhosa, ao menos isso. Mas o que eu queria mesmo, mesmo, eram as pernas dela.

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    1. A Mildred não é uma dona de casa desesperada. Divorcia-se e monta um negócio.

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    2. O problema dela é não conseguir deixar de ser dona de casa e viver ao serviço dos outros. O drama da Mildred é esse, ela não conseguir viver doutra maneira.

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  9. na iminência de me passar a ver neste "idílico" cenário acho que me posso já actualizar com estes filmes....em outubro deixo um emprego e o meu país...e dois meninos de 1 e 4 anos passam a ter de me aturar a tempo inteiríssimo.

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    1. Boa sorte! são muitas mudanças ao mesmo tempo. Mas, já diz o povo, quem muda deus ajuda :)

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