2 anos

29.9.11




Como diz o teu pai, meu lindo menino, obrigada. Mas eu como sou uma pessoa menos evoluída sinto que estou de Parabéns. É que foram 36h de trabalho de parto!

E para ficar registado (ou para me gabar da minha extraordinária competência enquanto mãe de uma forma relativamente subtil):
-Continua a gostar de comer.
-Já não usa fralda durante o dia.
-Deita-se cedo (19h) e acorda cedo (6h). Adormece sozinho.
-As birras são cada vez mais raras
-Fala muito bem e repete várias vezes a mesma coisa até conseguir dizê-la bem, por exemplo: "vamos compar gucom... cucu...cogumelos. Vamos compar cogumelos."
-Adora o Noddy, o Pocoyo, os Amigos do Luís e o Cid Ciência.
-Muitas vezes chora de emoção quando o pai chega do trabalho.
-Fica triste com algumas músicas.
-Gosta de brincar com carrinhos, blocos, às escondidas, jogar à bola, fazer desenhos e ler histórias.
-Adora sair para passiar
-Tem uma verdadeira adoração por sinos
-Pede a chupeta e o cão quando está muito cansado, ou chateado e senta-se no sofá sozinho.
-É um menino organizado, diz o pediatra (demasiado organizado, digo eu, porque quando lhe mudamos as rotinas fica possuído pelo demónio).

Brincar aos pobres

28.9.11
Quando era miúda a minha irmã e a minha prima queriam sempre brincar aos ricos. Raramente conseguia convencê-las a brincar aos pobres. Elas queriam pôr chapéus e passear de carro. Eu queria pôr uma cara triste e andar quilómetros a pé, com os quatro filhos pequenos, a caminho das feiras (entre irmãos e primos éramos cinco, na altura). Juro que não sei de onde saiu esta coisa à Les Miserables, muitos antes de eu saber quem era o Victor Hugo. Seria por causa das histórias infantis? afinal, as pobres são sempre as boazinhas e a mais bonitas e as que ficam com os príncipes. Mas eu não me lembro de ouvir histórias infantis em criança, só uma que a minha avó contava, ou melhor duas, mas que não tinham nada a ver com princesas boas ou más.
Isto tudo para dizer que não é de agora eu ter um certo jeito para ser  pobre. Pobre não, que os pobres passam fome, remediada. Dou uma boa remediada. Por exemplo, os prato preferidos dos meus filhos são os que eu faço com os restos. Neste caso croquetes de peixe.

Mais um fim-de-semana

26.9.11
Mais coisas prontas aqui.

Linhas que costuram arte

25.9.11

Le Songeur, after Corot

"Não sou um artista que está querendo emocionar. Estou querendo mudar a maneira como vemos, ou dinamizar os rituais visuais. Por isso trabalho com imagens exaustas, gastas: 'Espera aí, isso é uma outra coisa, olha de novo...'.", disse Vik Muniz à Alexandra Lucas Coelho e eu, devo dizer, olhei de novo muitas vezes (mesmo sem ter lido, ainda, o artigo no ípsilon) e olharia muitas mais se o Isaac não estivesse tão parecido com o Tarzan, no Museu Berardo, ontem.

Na foto estão milhares de metros de linha que reproduzem a pintura original de Jean-Baptiste-Camille Corot e depois é fotografada. Faz parte da série "Pictures of Thread")

aqui o trailer do "Lixo Extraordinário", o tal DVD que referi no post anterior e que, claro, não fazia a mínima ideia da relação com o artista brasileiro.

Coincidência

23.9.11
Ia abrir a porta do frigorífico e fixei o íman com os caixotes da reciclagem, da Valorsul, e ocorreu-me que devia trabalhar com lixo, e não, não estou a falar de respigar, refiro-me mesmo às coisas nojentas. Sempre me fascinou o que a humanidade deita fora (as séries policias ajudam, eu sei, mas no meu caso foi mesmo o jornalismo ambiental) e até as ETARs me parecem mais obras de engenharia fascinantes do que depósitos de merda mal cheirosos. É claro que é mais bonito pontes e barragens, mas já estou a divagar. O que eu vinha dizer é que no minuto a seguir a estar a pensar que devia trabalhar com lixo, vejo um anúncio no p3 a um DVD a dizer "Conheça as vidas a quem o lixo mudou a vida". E esta, hein?

Ah, a filosofia!*

22.9.11
Jorge Campos citou Nietzche no facebook, sei lá quando, já que o continuum espaço-tempo das redes sociais são outras dimensões.  E o que o Jorge Campos dizia era que o Nitezche dizia "there is more wisdom ir your body than in your deepest philosophies".
Eu fiquei a pensar nisso, claro, porque além de não ter mais o que fazer, esse é outro daqueles assuntos que de vez em quando aflora o meu pensamento. Sim, o nosso corpo é sábio, é  muito sábio mas podia fazer um bocadinho mais pendant com o que está dentro da cabeça, não? É que eu estou um bocado farta de ficar chocada quando vejo mais um cabelo branco, ou quando as minhas mãos manifestam o prenúncio da artrose, ou quando ouço a minha mãe dizer (e eu juro que ela não perde uma oportunidade): "acho que estás muito bem para uma mulher de quase 40 anos".
E eu não fico chocado por estar a envelhecer, reparem, que até informação em contrário parece que é uma coisa inevitável e muito natural. Eu fico chocada é por essa realidade não corresponder à realidade do meu cérebro. É que eu ainda não fiz o interrail, nem sei o que quero ser quando for grande. Ainda tenho medo de morrer, apesar de ter mais medo que os meus filhos morram, e não gosto nada do escuro. Ainda fico à espera que aconteçam coisas boas e - levantem os bracinhos ao céu - ainda acredito que a esquerda, um dia, chega ao poder. Mas, o pior de tudo, é que eu ainda danço sozinha no meio da sala com os olhos fechados a imaginar que tenho assistência (sim, sim, como quando somos adolescentes).

*pois é, é copiado do coiso "Ah, a literatura!"

Saco de ganga

22.9.11

Saco ganga, originally uploaded by panados e arroz de tomate.
Fiz o dela para o primeiro dia de escola e ele pediu-me um. Leva-o para o trabalho, um gabinete no primeiro andar rodeado de outros gabinetes com pessoas engravatadas e que definitivamente não usam sacos de ganga.

A teimosia pode mesmo ser uma virtude

20.9.11

Luva, originally uploaded by panados e arroz de tomate.
Consegui. Consegui chegar lá pelo esquema do livro japonês, pelo que fui deduzindo e com algumas pesquisas ao Grande Livro dos Lavores.
Consegui, sobretudo, porque meti na cabeça que queria estas luvas, nesta lã (a Beiroa, claro) desde que as vi na Retrosaria do costume.
Eu sou um espectáculo, é o que vos digo. Mesmo com a luva cheia, cheia de defeitos.

É que estou quase a passar para o outro lado

18.9.11
Numa destas noites devo ter conseguido completar um ciclo de sono. Dei de mamar ao pequeno, deitei-o e fui beber água. Pensei que não devia faltar muito para o outro pequeno acordar e olhei para a janela a ver se o sol estaria demorado. Demasiados prédios nas traseiras, pensei e depois procurei um telemóvel para ver as horas (os relógios, meu deus, o que é feito dos relógios?). 2h20. Ah, bom, ainda é de noite, afinal.
Devia chegar um alívio, mas não, é pânico mesmo. Deito-me, adormeço e ele acorda. Toda a gente sabe que acordar quando acabamos de adormecer é mau, é muito mau e ainda por cima não sei o que fazer à história da mulher que acha que está naquele corredor do supermercado a fazer compras e está prestes a descobrir que esteve ali a vida toda, que vive desde sempre naquele corredor de supermercado.
Ou, pior, deito-me e não adormeço. Ouço passos lá em cima. Alguém entrou em casa. Por onde? está tudo fechado. Estará? Chiu! Cala-te, não penses nisso, deixa de ser parva. Dormir. É melhor dormir.

Três continentes numa rua só

15.9.11
Ontem lá vínhamos nós, eu e as amas, com as crianças pela rua fora. As minhas sem farda. As delas aos pares, ou sozinhas. As minhas a triplicar e a responder ao português de Portugal. As outras ao do Brasil e de África.

Do que eu gosto

14.9.11
Do que eu queria gostar era do teatrinho com os fantoches; de montar e desmontar tendas com lençóis; de brincar às escondidas; de chutar e ir buscar a bola debaixo da cama 976 vezes e de fazer desenhos. Mas, honestamente, não posso dizer que goste. Eu, que até me acho uma pessoa bastante para o infantil, tenho pouca paciência para brincar.
Do que eu gosto é olhar para eles. Ter tempo de olhar para eles. Ficar horas e medir cada gesto e cada expressão, imaginar o que lhes passa pela cabeça. Imaginar que pessoas se irão tornar. Gosto da sensação à mesa do jantar, quando eles estão a dormir, aquela coisa da missão cumprida, de saber para que servem os meus dias.
É ridículo, eu sei, mas pareço uma maratonista (e não, não tem nada a ver com as corridas interrompidas por causa dos joelhos) que passa os dias a treinar para um dia subir ao pódio. E esse dia pode nunca acontecer, como se sabe.
Portanto, objectivo para 2011/2012 aprender a brincar (e continuar a tentar que a Beatriz se vista de acordo com o clima, porque, enfim, gostos não se discutem, mas é do senso comum que botas é para o Inverno e sandálias para o Verão, certo?)

Fim-de-semana volta depressa, por favor

11.9.11




(PJ, só consegui fazer estas coisas todas porque ao fim-de-semana não estou sozinha com os pequenos)

A derradeira tentativa

11.9.11
A minha mãe a tentar evangelizar-me (nos) pelo facebook (espero que ela não descubra o blog). Tenham muito medo!

Intervalo para baba

10.9.11
Faço aqui um intervalo no habitual discurso para dizer que os bebés de quatro meses e 13 dias são a coisa mais deliciosa, mais cuchi cuchi, mas maravilhosa do mundo e os meninos de 23 meses e 14 dias são de arrasar corações empedernidos, com aqueles caracóis, os sorrisos e a autonomia (eu não sabia que havia meninos que deixam a fralda antes dos dois anos e que adormecem sozinhos...). Há ainda algumas miúdas com 10 anos que nos deixam de boca aberta e aquele órgão que faz pumpum pumpum bater mais forte.
E até o caralho dos gatos me parecem criaturas simpáticas.

Vamos jogar um jogo?

8.9.11
Um dia, que parecia mais um dia como outro qualquer, aconteceu aquela coisa da borboleta bater as asas na China e chegar cá um furacão, que é como quem diz, um dia a vossa vida (sim, a vossa queridos leitores) mudou completamente. Nesse dia, o tal que parecia igual aos outros, deram-vos (assim de mão beijada) a oportunidade de fazer o que sempre quiseram: Deixar o trabalho e dedicarem-se de corpo e alma, durante todos os segundinhos da vossa vida, à criação dos vossos ricos filhos. Como sei que aceitavam logo sem pestanejar, porque é sonho de muitas mães e de alguns pais, o que eu gostava era que me apontassem a coisa que mais gostam de fazer em casa, nessa nova e gratificante vida.
Agradecida.

P.S este jogo não tem nenhuma outra finalidade que não seja eu sentir-me melhor comigo própria.


Tchim, tchim

7.9.11
Há uns tempos, há três anos e picos, dizias que estavas num quarto escuro enquanto eu andava "do outro lado do espelho em arrumações e esse tipo de coisas drásticas e definitivas de onde nem sempre se sai vivo - esse tipo de coisas drásticas e definitivas que certas pessoas nasceram para fazer, sazonalmente, e outras nasceram para não fazer nem mortas." E a certa altura oferecias-me um bilhete duplo para o Luna Park, para quando estivesse de volta.
Estava convencida que mais cedo ou mais tarde reclamaria o bilhete, mas enquanto despejava gavetas de entulho outras enchiam-se de coisas, muitas delas boas, mas mesmo assim a precisar de arrumação, ou pelo menos de algum tipo de catalogação para não as perder no meio de tanta tralha (agora que penso nisso andei [ando?] por um corredor igual ao da casa dos teus avós). Entretanto o Luna Park fechou e, suponho, o bilhete perdeu a validade, mas espero encontrar-te num outro qualquer carrossel de luzes acesas.
Nesse dia 22 de Fevereiro de 2008, dizias ainda (e dizias coisas tão fantásticas naquela coluna, naquele e nos outros dias todos) que estarias mais crescida quando eu voltasse do meu planeta. Eu não sei se estás mais crescida, às vezes acho que já nasceste crescida, mas pareces-me triste e eu espero que seja só uma impressão minha.
Seja como for, hoje estás feliz, porque gostas de fazer anos (tirando quando fizeste 32) e porque tens essa gente toda a festejar contigo. Eu não sei como podes ficar feliz não estando eu aí, mas tudo bem, a vida é mesmo assim. Ou como dizíamos no msn (antes de te apagar a luz, ou mudar-me para o facebook): olha, vidas! (por falar nisso, como está o teu pai?)
E como estás feliz não quero pôr-me aqui a falar das saudades que tenho tuas e das tantas coisas que vivemos juntas. Vou só fazer um brinde, ainda que virtual, e dar-te aquele abraço, bale?

Não quero saber

6.9.11
A casa despertou com um cheirinho a pão acabado de fazer (sim, sim temos uma máquina nova) e eu com o sabor dele quentinho e cheio de manteiga, mergulhado no leite com café. O meu cabelo calhou acordar bastante decente, parecido com o de um ser humano. E está sol.
Pois, eu sei, mas eu quero dormir. É, QUERO DORMIR e o resto que se foda. O Isaac que veja o Noddy, mais aquela amiga irritante que só sabe fazer piqueniques e muffins de mirtilos, o dia todo. Aproveita, meu querido, que não tens aqui a tua irmã para ocupar a televisão com aquela  noja dos "Feiticeiros de Waverly Place". Olha, mija nessas lindas cuecas com o peixinho e parte o computador depois de eu escrever este post, se quiseres, que estou-me a marimbar. Podes até pintar o resto das paredes. O giz está ali. Ali, olha, debaixo da mesa. Tu, Nicolau, dá às pernas o que quiseres e faz os gugus todos que te apetecer. Desculpa, meu amor, mas não vou andar a abanar guizinhos, nem a cantar o "dorme, dorme meu menino", ou levar-te à janela para veres como é lindo o céu. Eu vou dormir.
O almoço? Não há sopa feita? comam m...pão que está ali fresquinho.

Juntas

5.9.11

Ela diz que o que fazemos melhor juntas é pegar na agulha. Não sei onde foi buscar isso porque é raro pegarmos em agulhas ao mesmo tempo (e agora estou tramada porque vai, mais um vez, pedir-me contas do que escrevo aqui), mas quando o fazemos sabe bem, os resultados é que não costumam ser grande coisa. Só que agora é diferente, porque temos um objectivo.
A ideia de fazer estas bonecas foi dela (com algumas sugestões minhas) e, apesar de ainda ser preciso fazer muitos ajustes, acho que o resultado não é nada mau.

O que seria de nós sem sentido de humor

1.9.11

O pediatra disse qualquer coisa sobre as mulheres serem umas heroínas por amamentarem e ficarem tantos meses sem dormir e acrescentou que duvidava que algum homem fosse capaz disso (acho que esta última parte não convenceu o Jaime, porque ele odeia essa coisa das mulheres serem melhores do que os homens).
Eu saí da consulta com a mesma má disposição com que saí de casa, depois do Isaac me perguntar se ia trabalhar ao ver-me vestida para sair, e questionei entre dentes onde é que estavam as medalhas, já que era assim capaz de tanto heroísmo.
O dia foi passando com mais maus momentos do que bons e no fim lá apareceu o Jaime com as medalhas:
Medalha de ouro para a "Gaja"
Medalha de prata para a "Mãe"
Medalha de bronze para "O monte de merda que para aqui anda com emplastros nos joelhos!"